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Portugal e a modernização


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A modernização em Portugal teve o seu ínicio no sec. XIX. Do ponto de vista político Portugal mostrava uma grande abertura à modernidade no sentido da instauração e da consolidação do liberalismo.No entanto, a clara modernidade registada ao nível político não foi acompanhada por uma modernidade económica que, apesar de ter evidenciado alguns sinais de mudança, o seu ritmo de crescimento era claramente inferior ao registado nos paises europeus.

Ao nível da modernidade social o analfabetismo continuava a caracterizar a população portuguesa pelo que eram cidadãos pouco activos. O fosso entre Portugal e os paises centrais europeus começava aqui!

A clara modernidade política não era, por si só, geradora de desenvolvimento e progresso. Vive-se um período de clara instabilidade política da qual emergiu um outro ideal de sociedade - o Organicismo - que se traduziu no regime do Estado Novo.A ideologia anti-liberal do Estado Novo veio refrear o progresso, pelo que o periodo Salazarista é marcado por uma estagnação do processo de modernização que, contudo, ao contrário do que muitas vezes se julga, conhece alguns sinais de mudança pois Portugal benificiou dos efeitos positivos d´"Os 30 anos gloriosos" que se viviam nos paises centrais europeus. Alias, Barreto diz que é errado atribuir as grandes mudanças sociais ao periodo pós 1974. Segundo ele a própria revolução de 1974 só foi possível graças às mudanças sociais que começaram a ser, particularmente, visiveis a partir da década de 60. A emigração, a urbanização, a abertura económica aos paises centrais, a crescente escolarização, o alargamento do Sistema de saúde pública e do sistema de segurança social que permitem a emergência do estado providência e a introdução da televisão nos costumes portugueses são fenómenos presentes já antes da revolução de 1974. Estes já eram claramente sinais de uma abertura de Portugal à modernização.

Contudo, não deixa de ser verdade que as grandes e mais profundas mudanças sociais ocorreram no periodo pós 1974 até 1985. Este periodo, segundo Viegas, é marcado por um forte intervencionismo estatal e por uma forte instanilidade política e por novas orientaçôes políticas tendentes à consolidação da democracia. A instituição da democracia com a promulgação da Constiuição em 1976 e a implantação do Estado Providência na década de 80 são sintomas claros das profundas mudanças que estavam a ocorrer tendentes à modernização e democratização.

De acordo com Viegas o periodo entre 1985 e 1995 marca a integração comunitária que veio acentuar o processo de liberalização devido à abundância de capitais direccionados para a modernização. È neste periodo, e de acordo com Boaventura Sousa Santos, que Portugal teve de renegociar a sua posição no sistema mundial. Com o 25 de Abril Portugal mantém a sua posição semiperiférica no contexto europeu, mas assume contornos diferentes. Antes de 1974 Portugal exercia uma função de intermediação no sistema mundial que assentava no Império Colonial, no pós 25 de Abril e devido à integração na Comunidade Europeia Portugal aproxima-se do centro e continua a suas relações socio-económicas com os países africanos. Ainda segundo Boaventura Sousa Santos, é errado, no entanto, pensar que "estar na Eupora é ser como a Europa". De facto em termos demográficos, Portugal aproxima-se dos outros paises europeus desenvolvidos, assim como em termos politicos com um estado providência bem consolidado. Igualmente ao nível do consumo, da mobilidade social e da protecção são iguais aos dos cidadãos dos paises europeus centrais. No entanto, a nível dos recursos materiais, capacidades económicas e empresariais, tecnológicas e científicas ficamos muito aquém dos paises centrais. Neste aspecto Portugal é " o pais mais periférico do centro"( Barreto). Para esta situação semiperiférica contibui, igualmente, o facto do Estado de revelar ineficiente no desempenho do seu papel de regulação social. Exemplo disso é a discrepância entre a lei e a realidade social e a consequente emergência do estado paralelo. O afastamento entre o Estado e as classes populares faz com que a sociedade civil portuguesa seja débil. Por outo lado, a incapaciade do Estado em dar resposta a todos os problemas sociais faz emergir uma sociedade providência para colmatar as falhas do Estado pelo que Portugal nunca teve um verdadeiro estado providência como nos paises centrais.

Em Portugal o padrão de produção capitalista está menos desenvolvido do que o padrão de consumo.

As normas de consumo estão mais próximas das dos paises centrais, porém as normas de produção assemelham-se com as dos paises periféricos. Neste sentido a sociedade portuguessa é heterogénea devido à combinação de elementos pré-modernos, modernos e pós-modernos.        

Não há dúvida que Portugal no espaço de três décadas se modernizou de forma rápida, no entanto, a sua condição semiperiférica tem aumentado cada vez mais e o fosso entre Portugal e os Paises centrais. Contudo, percebemos que este atraso de Portugal em relação aos paises centrais não pode ser atribuido ao periodo de regime salazarista, mas antes teve as suas origens no sec.XIX, periodo em que começou a modernização em Portugal.  


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