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A CHAVE


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?Não há nada mais bonito que uma chave, enquanto não se sabe o que ela abre.?
(Maeterlinck )

Houve uma época em que todos pareciam felizes. Havia no ar um cheiro de promiscuidade, a sífilis e a gonorreia eram modismos, até mesmo um status... e o berço da velha cultura mergulhava num caos moral e econômico ao som dos Cabarés: Viva Kurt Weill! Então, os ébrios com nasgos de lucidez artísticas, lembraram aos filósofos vienenses que Munch pintou ?O Grito? e todos sabiam que a festa acabaria com os horrores da ?Grande Guerra?! No lupanário não é lugar de concatenações filosóficas.

Houve uma época em que a bola da vez era a ?amizade colorida?, mas as consequências eram tétricas e em tenaz cinza-chumbo! Parecia difícil distinguir prostituição branda do frenesi sexual dos anos 70-80: Hippies precisam tomar banho? Por que usar drogas e por que não usá-las?

Logo a seguir, o grande lucro ficou nas mãos dos psicanalistas, onde as eternas-depressivas e analisandas-perpétuas, buscavam na imago do analista o aval para a libertinagem, confundindo prazer com felicidade. Essa confusão leva anos e anos para se desfazer, principalmente nas mãos de psicanalistas que buscam ser amados pelos analisandos tão pacientes e endinheirados...

(Homens gastam muito tempo da análise queixando-se das mães, Wood Allen que o diga!)

Nos chatíssimos congressos, jovens psicanalistas afrancesados brigavam para convencer a plateia de quem era o mais freudiano: Ao fundo, a Torre Eiffel ria de todos eles!

Religiões que transformaram Cristo em amiguinho de botequim se deram bem: Lucraram tanto quanto os ?psis? e se transformaram em sujos conglomerados econômicos - ?daí a César o que é de César?, mas o que fazer quando ?César? é o dono da bola e pastor-mor?

Todos buscavam uma solução milagrosa para ficarem livres desse mal-estar generalizado onde nenhuma religião serve!

Surgem a AIDS e a Síndrome do Pânico, esta nada mais é do que a velha é conhecida histeria vienense, claro que um pouco mais refinada e articulada com essa era veloz que consagrou a comunicação instantânea e o vazio existencial. A AIDS é o triunfo da evolução viral: Parabéns quase seres-vivos! Réquiem doloroso para os humanos que não respeitam o meio ambiente.

Freud deixou-nos bem claro que um homem na faixa dos trinta anos é tão imaturo e inconsequente quanto um adolescente. Custa muito vir a ele essa tal ?Idade da Razão?; e que é difícil sabermos o que uma mulher realmente quer. Talvez a metodologia científica da então recém Psicanálise era manca e repleta de paradoxos e neologismos.

Vergonhosamente os homens não querem sair da casa de mamãe e assim prolongam a adolescência até...os 40 anos! Freud ainda explica em pleno século XXI!

A degradação moral, o fanatismo generalizado e os sistemas políticos utópicos e populistas são parâmetros sociais ?de fácil digestão? como um hambúrguer personalizado com cara de palhaço: Não precisa nem mastigar e só engolir!

Saudoso refinamento do cheiro de sífilis imerso no som dos cabarés úmidos e mofados de Berlim e Viena, do que essas baladas barulhentas e estúpidas, onde o ritmo engoliu a melodia e esse ?ficar? é o triunfo da mononucleose, também conhecida como a doença do beijo...

Não convém falar da chave. Poderíamos abrir portas insuportáveis ao convívio social, suicidas atentos buscam razões para seus desígnios: Cautela!

Poucas conclusões ao vapor de absinto...


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