|
|
Página Principal : Sociologia
Sobre A VIOLÊNCIA
Publicidade
O Homem é um ser biopsicossocial e político que tem consciência da sua existência finita. Ele sente angústia e é capaz de mudar sua realidade através das Ciências, Tecnologia e Artes. Em nome do progresso e por prazer, ele destrói e faz o outro sofrer.
Compreender o comportamento violento humano implica em analisar fatores sócio-políticos, psíquicos, culturais e o momento histórico.
Explicações para violência no âmbito da Psicanálise e da Psicologia consideram o processo de construção e sociabilidade do Eu: Como se deve ver o outro a partir do outro?
O sujeito agressor busca aliviar as tensões provocadas pela pulsão de morte causando danos físicos, psicológicos e morais ao outro. A pulsão de morte que se manifesta com fins destrutivos para afirmar e proteger o Ego através da negação e desrespeito do outro, está na base das práticas etnocêntricas responsável pela dizimação de culturas milenares e guerras sem fim.
Vivemos sob os ditames da Dromocracia - a Velocidade rege as relações de poder. No século XX tivemos um Hiper-Renascimento: Transplantes, Internet, Viagens Espaciais, Triunfo da Vacinação, Avião, Anticoncepcionais, Energia Nuclear, Liberação Sexual etc.
Saber que a energia atômica é capaz de destruir o mundo, causou uma nova ferida narcisística no ser que supõe saber: É imperativo reavaliar as relações de poder e resignificar a condição humana ? o homo sapiens transformou-se no ?homo tecno demens? que sabe como destruir a Biosfera.
O desenvolvimento afetivo da Humanidade não acompanhou o hiper-renascimento tecnológico e científico. Vive-se a Era do Vazio, um mal estar existencial que se traduz pela perda de identidade e falta de objetivos: Por que viver? Qual o sentido da vida diante desse império tecnológico veloz e competitivo? O hedonismo moderno, o prazer pelo prazer sem responsabilidade social dará conta de tamanha angústia? Durkheim, Tavares dos Santos e M.R. Costa conceituaram, respectivamente, a violência como: um estado de fratura nas relações de solidariedade social e em relação às normas sociais e jurídicas vigentes em dada sociedade; um ato de excesso, qualitativamente distinto, que se verifica no exercício de cada relação de poder presente nas relações sociais de produção social; é uma particularidade do viver social, um tipo de negociação, que pelo emprego da força ou da agressividade visa encontrar soluções para conflitos que não se deixam resolver pelo diálogo e a cooperação.
O estudo do comportamento violento implica em analisar a subjetividade inerente à psique, às micro-relações de poder, ao conflito de gerações e os aparelhos ideológicos e repressores do Estado.
Nestes aparelhos ideológicos inclui-se a Escola, que através de seu currículo perpetua a violência simbólica, o ensino dualista, as miniditaduras e o ?currículo oculto-oficioso?, pois não existe e nunca existirá neutralidade política na prática pedagógica, mas através dela é possível e urgente capacitar o educando a mudar sua própria realidade, ensinando-o a escolher governantes compromissados com o saneamento básico; educação de qualidade; preservação do meio ambiente e a justa distribuição de renda com a promoção de empregos.
Gestores educacionais bem sucedidos são aqueles que realizam parcerias eficazes com a comunidade. Eles têm poucos problemas com a violência escolar e são bem sucedidos porque aprenderam a resignificar as relações de poder que herdaram de um nefasto modelo educacional eurocêntrico-etnocêntrico, onde se acredita que é possível julgar uma cultura pela outra.
Gestores que alcançam a excelência na prática pedagógica trocam a visão educacional dualista, cartesiana e mecanicista pelo multiculturalismo que prioriza a ética nas relações raciais e a responsabilidade social. Eles abominam o espontaneísmo e têm como missão práticas administrativas participativas onde há comprometimento entre todos os funcionários com objetivos bem delineados e de interesse comum.
Estas são algumas variáveis multifatoriais que regem a violência na sociedade brasileira: Desigualdade sócio-econômica; fragmentação do espaço e da vida urbana; degradação das condições de vida; desemprego; concentração da terra e da riqueza; cultura autoritária na manutenção da ordem; banalização da violência; valores individualistas - tratar o outro como objeto; insensibilidade com a dor do outro; admitir a violência contra excluídos; cultura do extermínio e do medo; sensação crescente de insegurança social; legalização dos interesses de grupos privados e oligárquicos; corrupção ao administrar o que é público; falta de controle do aparelho repressivo do Estado por parte da sociedade civil; falta de vontade política para resolver as mazelas sociais; crime organizado que contrata jovens e corrompe agentes do Estado para a consolidação da delinqüência com ampliação do narcotráfico, contrabando de armas e seqüestro; crise nos valores humanitários ? amor e respeito aos direitos humanos.
A violência ?nas suas múltiplas formas, é representada como um domínio da experiência social que permeia as brechas da crise da modernidade e a busca de alternativas interpretativas para a sociedade contemporânea? (Rifiótis)
Veja mais em: Sociologia
Artigos Relacionados
- O Hiper-renascimento Do SÉculo Xx E Os Desafios Na PrÁtica PedagÓgica
- Sobre Aquele Que Conduz
- Um Estado De Paz
- Violência Na Escola
- Conversando Sobre ética E Sociedade - Versão 3
- Estado E Violência
- Conversando Sobre ética E Sociedade - Versão 2
|
|
|
| |