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História Social da Criança e da Família


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O SENTIMENTO DE INFÂNCIA


A primeira parte do livro mostra como a categoria infância foi contruída a partir da percepção do adulto sobre a criança. O autor faz uma análise crítica tendo a perspectiva sócio-histórica e a interpretação da sociedade européia que até a Idade Média não distinguia crianças e adolescentes dos adultos.

Na família, havia amor, porém a função afetiva não era latente. A relação social principal era de sobrevivência e trabalho. A criança era socializada longe do ambiente familiar, porque era treinada em tarefas adultas.

Num segmento dedicado à história dos jogos e da brincadeira, Ariès descreve algumas passagens de um relato sobre a educação de Luís XIII, no século XVII. Fala sobre as surras que o menino levava, suas danças e cantorias com os adultos; sobre brinquedos de criança e pequenas ações militares, jogos (péia e malha), religião, brincadeira de cortar papel com tesoura, música, alfabetização, regras de etiqueta e moralidade, brincadeira com bonecas. Também diz que contavam-lhe histórias, praticava o arco, jogava cartas, xadrez e participava de jogos dos adultos (de raquete e de salão), jogo dos ofícios, mímica, balés, danças populares e festas tradicionais. Aos 7 anos, deixa as roupas de criança e sua educação é entregue a homens. Deve abandonar os brinquedos da primeira infância, especialmente as bonecas.

Na sociedade medieval, não existia o sentimento ou a consciência da particularidade da infância. Assim que podia viver sozinha, a criança ingressava na sociedade dos adultos e não se distinguia deles.

A VIDA ESCOLÁSTICA

Escola e Colégio na Idade Média eram reservados a um pequeno número de clérigos de diferentes idades que se tornam no início dos tempos modernos um meio de isolar as crianças e adestrá-las.

Há o uso de disciplina autoritária para separar as crianças da sociedade dos adultos. Resistências a essa evolução persistiram por longo tempo.

De asilos, as escolas passam a institutos de ensino, submetendo os alunos a uma hierarquia autoritária. Essa mudança fornece o modelo para a complexa instituição que se tornou o colégio moderno englobando ensino, vigilância e enquadramento da juventude. Esse processo está conectado à nova percepção das idades e da infância.

Diferenciação da população escolar a partir do século XV. Ponto Essencial: adaptar o ensino do mestre ao nível do aluno. Estruturação das classes e das idades.

A precocidade que antes estava relacionada ao sucesso, passa a ser repugnante. Justificativas: fraqueza, ?imbelicidade?, incapacidade dos mais novos; algumas vezes proteção da inocência destes. Confusão na distinção das idades de primeira, segunda infância, adolescência e juventude.

Camaradagem tinha um valor moral, mas se deteriora, passa a uma forma de desordem. Surgem princípios de comando e de hierarquia autoritária simultaneamente ao aparecimento do absolutismo monárquico. Novos princípios de disciplina: maior responsabilidade dos mestres; educação acompanhada de instrução; maior interesse pelo comportamento dos alunos fora da sala de aula. Três características principais do novo sistema disciplinar: Vigilância, Delação, Castigos Corporais.

História da disciplina do século XIV ao XVII:

- Disciplina Humilhante => chicote e espionagem.

- O modo de associação corporativa desaparece.

- Todas as crianças e jovens, independente de sua condição, eram surrados.

- Os castigos corporais rebaixavam e humilhavam a infância, equiparando-a à condição da plebe.

A partir de 1763, o regime disciplinar escolástico passa a ser repudiado e os castigos corporais não são mais reconhecidos como adaptados à fraqueza da infância.O investimento passa a ser no despertar do adulto contido na criança, buscando o sentido de sua dignidade.

Compartimentação Geográfica Rigorosa substitui as promiscuidades das antigas hierarquias.Século XVII: especialização demográfica das idades; Século XVIII: um ensino para o povo e outro para as camadas burguesas e aristocráticas.

Nos séculos XVI e XVII os escolares se equiparavam aos soldados, criados e, de um modo geral, aos mendigos (escória). Nova noção moral: a da criança bem educada, formou-se no séc. XVII. Hábitos passaram das crianças para a elite e posteriormente ao homem moderno de qualquer condição social.

A FAMÍLIA

O autor se utiliza de figuras para falar sobre infância e família, partindo da idéia de que a importância dada ao ofício na iconografia medieval é um sinal do valor sentimental que as pessoas lhe atribuíam.

A iconografia tradicional dos 12 meses do ano foi fixada no século XII: os trabalhos, os dias e estações. Ao longo do século XVI, essa iconografia dos meses sofreria uma transformação significativa, agregando a família combinando-se com o simbolismo de uma alegoria tradicional: as idades da vida. As formas de representação eram a criança, o casal e o idoso.

O aparecimento do tema da família não foi um simples episódio, mas uma evolução maciça durante os séculos XVI e XVII.O sentimento da família, que emerge nos séculos XVI e XVII, é inseparável do sentimento da infância. Surgem os Tratados Práticos de Educação: conselhos aos pais sobre como educar seus filhos. A educação não é mais voltada para as boas maneiras, é importante a escolha de uma escola e um ofício. O objetivo era instruir a própria família sobre seus deveres e suas responsabilidades, e aconselhá-la em sua conduta com relação às crianças


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