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A vida cotidiana no mundo moderno
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Segundo Henri Lefebvre, os primeiros a tratar do cotidiano foram os escritores, e especialmente James Joyce em seu "Ulisses". O cotidiano é um fenômeno das sociedades modernas, pois em sociedades tradicionais, como as aldeias camponesas e a Roma antiga, por exemplo, dominava o estilo, que é uma organização coerente da vida; à vida no estilo, se contrapõe, nos dias de exceção às regras, a Festa. O cotidiano, característica da vida na sociedade moderna, possui riquezas e misérias, é em si e para si contraditório; segundo Lefebvre, na França há uma política de organização e planejamento do cotidiano, política motivada por uma ideologia da classe dominante e, portanto, é uma estratégia de dominação e hegemonia. Afirmando ser essa uma tendência internacional dos países capitalistas no pós-II Guerra Mundial, ele critica as definições de sociedade industrial, sociedade de consumo, sociedade tecnocrática, e aceita duas denominação que exprimem melhor o mundo político, econômico e ideológico contemporâneo: " capitalismo monopolístico de Estado" e "sociedade burocrática de consumo dirigido", e é o aspecto que expressa esta segunda denominação que ele pretende analisar neste livro. Segundo Lefebvre, o fenômeno do consumismo se explica por um aparelho econômico-ideológico de propaganda, que assossia imagens e sistemas simbólicos a produtos, de modo que o consumidor não mais consome por necessidades "do estômago" ou "da fantasia"; o próprio comportamento consumista é em si uma ideologia, e o que se consome é a própria ideologia que foi assossiada à mercadoria por meio da propaganda. O fetichismo da mercadoria se aprofunda. É claro que a eficácia da propaganda não é absoluta, mas mesmo assim a sua influência sobre os hábitos de consumo é muito grande. O consumo é dirigido por meio de sistemas simbólicos, desde sistemas da moda até sistemas de horóscopo e turismo, por exemplo. Na esfera intelectual e acadêmica, por outro lado, passa a dominar a metalinguagem, ou seja, o discurso sobre o discurso. E, no geral, se estabelece o "terrorismo", a paranóia mútua entre os indivíduos e o "terrorismo da coisa escrita". Como, segundo o autor, a classe operária foi integrada e subordinada à sociedade burocrática de consumo dirigido, ela não mais é capaz de constituír-se para si mesma como sujeito revolucionário que supere a situação atual, como tal como Karl Marx a compreendeu no século XIX. Por isso, Lefebvre propõe uma revolução cultural permanente.
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