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O dezoito Brumário de Louis Bonaparte


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As tensões da luta de classes de 1848, no entanto, vestiam-se na moda
de 1789.?Hegel observa algures que todos os fatos e personagens na
história universal ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se
de acrescentar: a primeira como tragédia, a segunda como farsa.?(MARX,
1987:15).
Segundo Marx, as facções políticas que atuaram nos parlamentos, na
imprensa e nas insurreições representavam interesses políticos e
econômicos das diversas classes.A organização da representação desses
interesses iria variar ao longo das lutas de 1848, muitas vezes de
maneira radical.
No início do ano de 1848, encontramos a vida política oficial francesa
dividida entre orleanistas, legitimistas e republicanos moderados.Havia
também facções populares sem representação, os socialistas e os
republicanos democratas.
Os legitimistas, partidários da dinastia Bourbon representavam, segundo
Marx, os interesses dos latifundiários; os orleanistas eram os
testas-de-ferro dos homens das finanças (a ?alta burguesia? francesa, a
?aristocracia financeira?); os republicanos moderados estavam à frente
dos empresários, profissionais liberais e funcionários (?pequena
burguesia? e ?média burguesia?).
Os republicanos democratas (ou radicais) e os socialistas se colocavam
como representantes e líderes de artesãos, lojistas e proletários.
Foram setores da média e baixa burguesia que organizaram as jornadas de
24 de fevereiro, como o objetivo inicial de fazer uma reforma
eleitoral.Neste dia, a população de Paris ergueu as barricadas, a
Guarda Nacional não reagiu e a ação do exército foi patética, fazendo a
dinastia de Orléans cair como um castelo de cartas ao primeiro sopro, e
a república foi proclamada.
Após matar a Monarquia de Julho de susto, o proletariado parisiense
passou a sonhar, debater e exigir mudanças sociais profundas.Mas estas
aspirações são rechaçadas pelos resultados das eleições para a
Assembléia Nacional Constituinte, na qual se impôs, segundo Marx, uma
reação da nação francesa contra Paris.Apesar de uma Montanha ter sido
formada pelos deputados republicanos democratas e socialistas, ela é
uma minoria oprimida pela maioria de monarquistas e republicanos
moderados.
Segundo Marx, as jornadas de 15 de maio e de 23-26 de junho foram
respostas do proletariado ao domínio da burguesia na Assembléia
Constituinte, essas ?respostas? revolucionárias, por sua vez,
provocaram a formação do ?partido da ordem?, uma coligação
contra-revolucionária de orleanistas, legitimistas e republicanos
moderados.Aqui devemos abrir um parêntesis e avisar que a obra de Marx
não explica como uma constituinte reacionária eleita por camponeses
poderia ser controlada pela burguesia.Mas Tocqueville descreve como ele
próprio se beneficiou do genuíno medo dos camponeses pelos seus bens
para obter uma votação maciça no departamento da Mancha, e
provavelmente havia muitos casos análogos ao do ilustre teórico francês
no conjunto dos deputados eleitos (ver pág.10 do presente trabalho).
O ?partido da ordem? usou o Estado de sítio e a ditadura de Cavagnac
para derrotar, reprimir e massacrar os insurgentes de junho.Fez isso em
nome da ?propriedade, familia, religião e ordem? e contra o ?partido da
anarquia?.Essa mobilização de guerra civil uniu a burguesia e as outras
classes contra o proletariado, mas ao mesmo tempo, enfraqueceu a
república burguesa. E
mais: a contra-revolução de junho não se dirigiu apenas contra os
rebeldes de junho, mas também contra os republicanos democratas da
Comissão Executiva e até contra as liberdades constitucionais.Esse
ataque se fez, através de uma prática tipicamente francesa, o Estado de
sítio (?invento magnífico?) comandado pelo general Cavagnac, que
substituiu a Comissão Executiva e durou até as eleições presidenciais
de dezembro.Já as liberdades foram limitadas por curiosos mecanismos
jurídicos da Constituição que ficou pronta em 10 de dezembro de 1848.
Na constituição de 1848,


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