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Introdução ao Ensino da Metodologia da Ciência
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Nesse texto, o autor, procura mostrar um pouco da dificuldade que as Ciências ditas Sociais, sempre encontraram na busca por uma metodologia diferenciada das demais ciências, mas que mesmo assim fosse considerada científica. Muitas vezes, na ânsia de encontra-se como ciência muitas áreas das Humanas acabaram adotando métodos das ciências exatas ou naturais, metodologia muitas vezes incompatível com o objeto de estudo a ser abordado. Nesse primeiro capítulo, Pedro Demo mostra o conflito que as Ciências Sociais encaram ao procurar uma metodologia diferenciada e específica que se encaixe ao seu objeto de estudo único dentro do campo científico: o objeto, o homem dentro de seu contexto social de inter-relações. O autor mostra a dificuldade de se adotar uma metodologia pré-existente dado que a especificidade do objeto das ciências sociais é estar em constante transformação e só poder ser compreendido dentro de uma análise contextual e não apenas conceitual. As Ciências Sociais, para Demo, teriam 6 pré-condições que exigiriam um método específico: o fato da identidade do objeto de estudo ser histórica e estar em constante transformação; o fato de esse objeto possuir uma consciência história, e, portanto, ser capaz de modificar seu ?destino? enquanto tal; a identificação entre sujeito e objeto; a manifestação qualitativa e não quantitativa dos fenômenos sociais; o caráter intrinsecamente ideológico dessas ciências e, por fim, a prática como traço intrínseco de qualquer teoria das ciências sociais. Quanto a essa primeira parte, surgem apenas duas críticas quanto às condições por Demo estabelecidas. Primeiro, acredito que ao desenvolver-se do texto o autor acaba confundindo-se e utilizando o termo (já bastante polêmico) ?ideologia? em acepções e significados diferentes o que acaba gerando confusões. Não que eu acredite que a ciência social seja totalmente anti-ideológica, pelo contrário, mas acredito que o que faz de um cientista um bom profissional é sua capacidade de controlar essa ideologia dentro de seu objeto de estudo. Em segundo lugar, acredito que a prática deve mesmo ser intrínseca a teoria social, porém não creio que toda teoria deva ser engajada na defesa de algum ideal e nem mesmo que um cientista deva buscar suas teorias apenas visando sua utilidade prática no presente momento. Na segunda parte do texto o autor discute metodologia como um caminho a ser seguido para se fazer ciência, uma espécie de manual e ferramentas capazes de lapidar a imaginação do cientista social e promover seu espírito crítico sem, no entanto ceifar sua identidade ou unicidade. Uma passagem bastante interessante se dá quando ele coloca o problema de pensar no futuro, pensar em como os futuros cientistas sociais classificaram nosso pensamento, talvez ingênuo, talvez inútil, talvez coerente ou mesmo um clássico. Por fim, o texto coloca a prática e suas especificidades. Segundo Demo, a metodologia é apenas o caminho que indica a finalidade última da ciência que é a pesquisa, ele coloca de uma forma bem clara que não se deve sacrificar a criatividade por conta da técnica ou do apego de um método, o que pra mim é primordial na vida acadêmica de um cientista que busque se diferenciar dos demais. Para o autor, a pesquisa é a atividade básica da ciência, atividade científica pela qual descobrimos tateando a realidade que nos cerca e que não pode ser desvendada a partir de um olhar superficial. A partir de então, Pedro Demo diferencia quatro tipos de pesquisa: a teórica, a qual desenvolve quadros teóricos que auxiliaram na compreensão da realidade, quadros que servirão de referência em pesquisas futuras, uma pesquisa embasada nos clássicos, mas com uma visão crítica das coisas; a pesquisa metodológica que visa descobrir novos meios e ferramentas para se alcançar a realidade, transformando cada vez mais a metodologia das ciências sociais em algo preciso, nada ingênuo e a qual desenvolve no cientista a atividade de permanente crítica e indagação de seu ponto de vista e de como alcançar o seu objeto; a pesquisa empírica, voltada para os experimentos e a face observável da realidade e dos fenômenos analisados, trazendo a teoria para a realidade concreta; e por fim, a pesquisa prática na qual se fazem os testes das hipóteses e teorias já desenvolvidas, representando o lado mais político e ativo das ciências sociais. O autor fecha o primeiro capítulo demonstrando que cada ciência social busca descrever uma realidade social, ou seja, as circunstâncias sociais e as dimensões sociais criadas dentro delas, que cercam a vida de qualquer ser humano e entre eles, o cientista. Por fim, ele ressalta que cada ramo das Ciências Sociais busca uma faceta dessa complicada realidade social e que por vezes, o que temos em mente como realidade não passa de uma idéia enganosa e simplificada de um emaranhado de contextos e conceitos sociais que o cientista social vem tentando descobrir e traduzir. Não sendo, porém, exímio de cometer erros e por vezes deturpar essa realidade passando uma imagem distorcida. Mas, como em toda profissão, são ?ossos do ofício? e riscos a serem seguidos por quem busca realmente fazer uma ciência de cunho social!
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