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Página Principal : Sociologia
Uma esmola
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Há uns poucos dias eu vi, enquanto estacionava próximo a uma escola pública de um bairro bastante carente, vários garotos que estavam saindo dessa mesma escola, ao término das aulas, todos com idade entre 6 e 10 anos. Alguns se dirijiram logo para a barraquinha de confeitos, pipocas, etc. Mas num grupo de meninas que haviam comprado pipocas, uma no meio delas não comprou. Obviamente não tinha dinheiro. Ela, que por sinal eu já tinha visto algumas vezes, se aproximou de mim meio sem graça e disse exatamente assim: "Me dá dinheiro pra comprar pão?". Eu realmente fiquei surpreso, pois pensei que ela iria pedir dinheiro pra comprar a pipoca que as amiguinhas estavam comendo. Aí eu perguntei: "Mas você não vai querer a pipoca?", quando ela respondeu que ''sim'', mas queria também o pão. Eu me encontrei numa situação complicada. Sou contra dar dinheiro nas ruas, mas, sinceramente, que situação difícil! Na minha cabeça passou toda a história de "não dê esmolas, você está alimentando a exploração infantil, o comodismo, a safadeza dos pais, fixando o pedinte no estado de estagnação e miséria...", etc, etc, mas nessa hora, sem pensar, eu dei dois reais pra menina. Ela correu pra padaria em frente à escola, comprou o pão e depois que comprou a pipoca, ainda veio me devolver trinta centavos de troco que eu não aceitei. Ela, pelo o que eu já presenciei, nunca vi pedindo dinheiro na rua, mas desta vez o apelo foi mais forte. Eu alertei que foi a primeira e última vez que dava algo pra ela, justamente para que não ficasse no hábito de pedir. No geral, fui imediatista? Fui. Fui paliativista? Fui. Agi com assistencialismo barato? Pode até ser que sim; mas é uma situação lamentável ficar esperando pela iniciativa pública, acomodada pela apatia da sociedade de um modo geral, em resolver problemas sociais tão sérios. Poucos se mobilizam para que esse quadro mude, o que é uma pena. Errei, admito. Existem outras melhores alternativas para darmos a nossa contribuição (sem querer isentar o papel do gestor público) como: doar para instituições sérias e idôneas é uma delas. Mas, definitivamente, sem a iniciativa decisiva e compromissada do governo e da sociedade civil organizada fica realmente impraticável conviver com essa situação que piora a cada dia. Porque, enquanto eu ''escorreguei'' com essa minha pequena ação, o governo age de forma ainda mais berrante quando distribui toda a sorte de ''bolsas-caridade'', fazendo o povo mais humilde acreditar que a coisa realmente está melhorando, enquanto que os reais problemas, raízes cernes da questão, são postos de lado. Isso sim é paliativo, assistencialista e imoral.
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