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Entrevista; h.g.wells a J. Stálin sobre Marxismo e Liberalismo
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A obra apresenta uma entrevista realizada por H.G.Wells(Herbert George Wells, 1866-1946) a José Stálin em visita à União Soviética em 1934, no dia 23 de julho, durou das 16h às 18:50h. A conversa foi anotada por Konstantin Oumansky - Comissariado do Exterior da URSS. Stálin nasceu em 1879, Gori ? Geórgia. Aos quinze anos ingressou no movimento revolucionário contra o regime czarista, preso várias vezes. Em 1917, junto a Lênin e ao Partido Bolchevique, dirigiu a classe operária na luta pela derrubada do capitalismo e a implantação do socialismo na Rússia.
Morre Lênin em 1924, Stálin assume o Partido Comunista da URSS. Foi o comandante na vitória do povo soviético sobre o nazi-fascismo - 2a Guerra Mundial e alvo principal da campanha anticomunista da burguesia imperialista, difamados e caluniados em todo o século XX, morre em 1953. Certa vez ao lhe perguntarem quem era, respondeu:
"Não sou senão um discípulo de Lênin, e toda a minha ambição é ser um discípulo fiel".
Escreveu: O Materialismo Dialético e Histórico, O Marxismo e a Questão Nacional; Os Fundamentos do Leninismo, Problemas Económicos do Socialismo na URSS, entre outras. Segue alguns trechos:
Wells: Vaguei ao redor do mundo como um homem comum e, como tal, observo o que se passa em volta de mim.
Stálin: Os homens públicos importantes, como o senhor, não são "homens comuns". Está claro, só a história pode determinar quão importante foi este ou aquele homem público. Em todo caso, o senhor não olha o mundo como um "homem comum".
Wells: Não pretendi ser humilde. Pretendi dizer que procuro ver o mundo através dos olhos do homem comum, e não como político de partido ou como administrador responsável. A minha visita aos Estados Unidos me estimulou as idéias. O velho mundo financeiro está desabando, e a vida económica do país sendo reorganizada sobre novas linhas. Lênin disse: "Devemos aprender a fazer negócios", aprendendo com os capitalistas. Hoje, os capitalistas têm de aprender com os senhores, têm que captar o espírito do socialismo. Parece-me que nos Estados Unidos se está levando a cabo profunda reorganização - a criação de uma economia planificada, isto é, socialista.
O senhor e Roosevelt partiram de dois pontos diferentes, porém não há uma relação de idéias, uma espécie de parentesco de idéias, entre Washington e Moscou?
Em Washington, impressionaram-me as mesmas coisas que vi aqui. Estão construindo edifícios para laboratórios; estão construindo muitos organismos de nova regulamentação do Estado; estão organizando um serviço civil de que muito necessitavam. Como os senhores, necessitam de capacidade dirigente.
Stálin: Os Estados Unidos buscam um propósito diferente do que buscamos na URSS. O propósito que buscam os norte-americanos parte das dificuldades econômicas, da crise econõmica<...>
Wells: Tenho observado a propaganda comunista no Ocidente, e parece-me que, nas condições modernas, tal propaganda parece muito fora de moda, por ser uma propaganda insurrecional. A propaganda a favor da derrubada violenta do sistema social repercutia bem quando dirigida contra as tiranias<...>Parece-me que o tom insurrecional é antiquado. A propaganda comunista no Ocidente é uma necessidade para as pessoas de mentalidade construtiva.
Stálin: Para começar, o velho sistema se desmorona, está em decadência. Isso é certo. Mas também é certo que novos esforços se fazem, por outros métodos, por todos os meios, para proteger, para salvar este sistema agonizante.O senhor tira conclusão errónea de premissa certa. O senhor estabelece, corretamente, que o velho mundo está se desmoronando. Mas o senhor está enganado pensando que se desmorona com seu próprio consentimento. Não. A substituição de um sistema social por outro é processo revolucionário longo e complexo. Não é simples processo espontâneo, é uma luta, é um processo relacionado com o conflito das classes. O capitalismo está em decadência, porém não deve ser comparado simplesmente com uma árvore que tenha decaído tanto que irá ao chão por seu próprio peso. Não, a revolução, a substituição de um sistema social por outro, foi sempre urna luta, luta cruel e dolorosa, luta de vida e de morte. E cada vez que os representantes do mundo novo chegam ao poder, têm de se defender contra os intuitos, do mundo velho, de restaurar pela força a ordem antiga; a gente do mundo novo tem sempre de sstar alerta, de estar preparada para repelir os ataques do mundo velho contra o sistema novo.
Sim, o senhor tem razão quando diz que o velho sistema social se desmorona, porém não se desmorona por sua própria vontade. Veja o fascismo, por exemplo. O fascismo é uma força reacionária que está tratando de preservar, por meio da violência, o mundo velho. Que farão os senhores com os fascistas...? Discutirão com eles...? Tratarão de convencê-los...? Isso não seria, absolutamente, nenhum efeito. Os comunistas não inventam, em absoluto, os métodos violentos, porém eles, os comunistas, não querem ser apanhados de surpresa<...>
Wells: Cromwell agiu baseado na Constituição e em nome da ordem constitucional.
Stálin: Em nome da Constituição recorreu à violência, decapitou o rei, dissolveu o Parlamento, prendeu uns e decapitou outros...!
Tome também o exemplo da nossa história. Não foi evidente, durante muito tempo, que o regime czarista estava decaindo, que estava se desmoronando... ? Mas quanto sangue se teve de derramar para abatê-lo... ?
E a Revolução de Outubro? Não havia milhões de pessoas que sabiam que nós, os bolcheviques, éramos os únicos a apontar o caminho certo<...>?
Marxismo e Liberalismo ? J. Stálin ? H.G. WELLS ? Edições Centro Cultural Mamoel Lisboa ? 2001 ? Recife´Pernambuco - Brasil
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