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O MITO DA FERTILIDADE AMAZÔNICA
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O MITO DA FERTILIDADE AMAZÔNICA A floresta Amazônica (floresta latifoliada equatorial) possui o maior banco genético ou biodiversidade do planeta e dentro dessa enorme diversidade possui três estratos, ou seja, três áreas de níveis diferentes onde está a floresta. O primeiro é chamado de "caaigapó", é uma área permanentemente alagada, situada ao longo dos rios, com vegetação de pequeno porte, onde encontramos, entre outras espécies, a famosa "vitória-régia". A segunda é chamada de "várzea", uma área sujeita a inundação periódica, com vegetação de médio porte, raramente ultrapassa 20m de altura, tendo entre as principais espécies, a seringueira. A terceira é chamada de "caaetê" ou ?terra firme?, uma área onde nunca inunda, com vegetação de grande porte, podendo atingir 60m de altura, onde, entre outras espécies, aparecem as castanheiras. É a área onde aparece a floresta em toda sua exuberância e magnitude. Essa exuberância toda e a riqueza de espécies vegetais e animais nos dá a impressão de que a riqueza do solo amazônico é o responsável pela tamanha grandeza vegetal. Um grande engano. A fragilidade com que ela se apresenta é um alerta constante ao homem, que insiste em, com sua cobiça, provocar desmatamentos de milhares de quilômetros quadrados da floresta equatorial, sem se preocupar com os impactos físicos no planeta e a herança dos recursos naturais para as futuras gerações. A floresta amazônica abrange vários países sul-americanos: Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Brasil e Guiana. No Brasil atinge uma área de aproximadamente quatro milhões de quilômetros quadrados, o que corresponde a quase metade do território brasileiro. A realidade, porém, é muito diferente. Com exceção de algumas manchas de terra roxa, esses solos são arenosos e extremamente pobres. Muitas pessoas não conseguem acreditar que seja verdade, mas não é difícil de ser explicado. No estado atual da floresta Amazônica, ela se encontra em clímax, ou seja, a enorme exuberância esta em perfeito equilíbrio dinâmico. Durante o ano, toneladas de galhos, folhas e pequenos animais que caem sobre o solo amazônico e formam a "serrapilheira" que, em conseqüência das altas temperaturas e da enorme umidade no interior da floresta (clima equatorial quente e úmido) é rapidamente decomposta por milhões de microorganismos, e incorpora-se ao solo como "húmus". Praticamente tudo o que ela produz, ela mesma consome. Por isso costuma-se dizer que a floresta vive de si mesma. O rico material orgânico formado pela decomposição dos microorganismos e nutrientes, é reabsorvido pelas raízes das plantas. O horizonte orgânico dos solos da floresta amazônica não passa de uma camada superficial, uma estreita "casca" que sustenta toda a floresta. Analisando todos esses aspectos, concluísse que a floresta não é enorme, densa ou diversificada porque o solo é fértil, nem tampouco ela mesma o torna fértil, pois não produz excedente. Os pesquisadores, concluíram que a floresta cresce, de fato, apenas sobre o solo, e não do solo, utilizando-se apenas para sua fixação mecânica e não como fonte de nutriente; em vez disso, ela vive numa circulação fechada de nutrientes. A floresta se protege das perdas de nutrientes por meio de verdadeiros estratagemas, que possibilitam ao seu ecossistema, extremamente diversificado em espécies, uma utilização ótima e máxima das quantidades limitadas de nutrientes em circulação através da cadeia de organismos que compõe este ecossistema florestal. Estas quantidades de nutrientes não têm possibilidade de serem renovadas ou complementadas por eventuais reservas no solo. A circulação fechada de nutrientes é devido ao fato da floresta possuir um sistema radicular superficial, que é extraordinariamente denso, três vezes mais vasto que o das florestas das zonas temperadas. E essa trama radicular fina e densa, agindo como um filtro perfeito, imediatamente reabsorve e reconduz à substância viva da floresta, todos os nutrientes que vão sendo liberados de decomposições, com os excrementos dos animais silvestres, etc. A floresta Amazônica, como dizia os egípcios sobre o Nilo, "é uma dádiva de Deus", um capricho da natureza que construiu com incrível perfeição em uma complicada rede de ecossistemas em perfeito equilíbrio na natureza. Esses ecossistemas possuem uma incrível interdependência principalmente dos aspectos físicos como clima, rede hidrográfica, regime pluviométrico, vegetação densa que provoca um regime de chuva intenso e que mantém o nível dos rios constantemente cheios. Se qualquer elemento da cadeia começar a ser degradado, (como esta acontecendo com o desmatamento), a fragilidade do ecossistema se manifestará. Portanto, se a floresta fosse derrubada, com certeza a região toda se transformaria num enorme deserto. A floresta é a alma da Amazônia. Tinha razão Chico Mendes, líder importante dos seringueiros, morto em 1988 por fazendeiros, cujos interesses sempre foram o uso capitalista da floresta, em defender uma política de uso racional da floresta. Ele defendia um zoneamento ecológico e as reservas extrativistas na Amazônia, através de uma utilização sustentável da mata, respeitando a capacidade de suporte dos ecossistemas. Qualquer outra proposta para substituir o extrativismo sustentável, pode provocar uma série de desequilíbrio comprometendo a biodiversidade e colocando em risco todo o sistema frágil da floresta.
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