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Página Principal : Ciências Politicas
Ciência nova
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A Ciência nova de Giambattista Vico é um belíssimo tratado teórico, que trata de assuntos diversos, como filosofia, literatura, linguística, história, mitologia, ciência política, ética, etc., com a finalidade de contruír uma nova ciência e também de fundamentar a compreensão da própria racionalidade. Este projeto de Vico, a constituição de uma ciência que estude a humanidade, possui diferenças fundamentais em relação a um outro projeto de conhecimento, o de Descartes. As coisas humanas possuem um nível maior de complexidade, exigindo um método mais profundo que o dedutivo, mas, ao mesmo tempo, fornecem a base para o entendimento da natureza do conhecimento das outras ciências.As investigações de Vico se concentram na história antiga, pelas origens das culturas, especialmente a grega e a romana, mas também passando pelo estudo as culturas egípcia, judaica, fenícia, germânica, etc., tentando encontrar a universalidade humana através das suas singulares manifestações na história. Esta universalidade humana, que Vico chama de "natureza humana", não é estática e isolada da atividade humana real mas, pelo contrário, são as necessidades e capacidades universais dos homens, a auto-constituição das suas formas de existência. Segundo o filósofo italiano, todas as nações foram, inicialmente, poéticas em sua linguagem, suas maneiras de pensar e de se comunicar, e esta sabedoria poética, superestrutura de uma organização social patriarcal, correspondia a uma época de domínio de guerreiros-sacerdotes, na qual a família era a unidade básica da sociedade humana. A dominação destes patriarcas, ao mesmo tempo sacerdotes e militares, sobre as suas mulheres, filhos e servos, foi desafiada por estes últimos, forçando os patriarcas a se unirem contra os rebelder, estabelecendo então os primeiros Estados, nos quais o poder pertencia a uma aristocracia, formada pelos chefes de família, que mais tarde se viram forçados, pelas rebeliões dos servos, a concederem a estes últimos a igualdade e a liberdade para a plebe, formando as repúblicas populares, nas quais nasce a filosofia e a retórica, produtos de um processo de racionalização. As repúblicas populares, por sua vez, segundo Vico, degeneram na corrupção e na anarquia, e os plebeus desejaram um rei que pusesse fim à desordem. Formam-se então as monarquias, que também se corrompem e caem, produzindo o retorno da barbárie. Para Vico, a história segue ciclos. O retorno aos tempos bárbaros, para o filósofo, correspondia à queda do Império Romano e ao mergulho da Europa na Idade Média. Esta filosofia da história foi concebida através da interpretação metafórica da mitologia, especialmente da Ilíada e a Odisséia, de Homero, queVico via como obras que expressavam a vida das nações na época heróica, nome pelo qual o pensador chama a época de fundação das nações pelo patriarcalismo. As próprias ideias de Vico são contadas através de metáforas.Em muitos aspectos, Giambattista Vico antecipa, quando não influencia diretamente, Montesquieu, Rousseau, Comte, Marx, Hegel, Croce, Gramsci, Herder, Adorno e Horkheimer. A idéia de que o homem é um ser social, e o criador ativo, mesmo que inconsciente, da sua própria história, mesmo que de maneira inconsciente e inconsequente, seguindo as fábulas das quais são inventores e crentes, está na raiz do materialismo histórico. Apesar da influência platônica, Vico não se deixa levar pelo idealismo; o filósofo italiano também deixa muito clara a sua oposição a Maquiavel e Hobbes; concorda, no entanto, com Bacon na tese de que o conhecimento vêm dos sentidos, embora não caia no beco sem saída empirista.A consciência humana, que Vico procurava entender, é, segundo este filósofo, sensorial, mas não se reduz a um mecanismo passivo sob o poder de estímulos do ambiente externo. É capaz de inventar e conduzir esta existência sensorial na cultura e na natureza através do trabalho, da linguagem, do saber, da religião, da ética, da política, da arte, etc.
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