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O leviatã
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Thomas Hobbes foi mais um dos vários arquitetos de sistemas filosóficos. Sua argumentação segue o esquema dedutivo cartesiano, ?do simples ao complexo?, método usado para interpretar o mundo como um conjunto de corpos em movimento, no paradigma conhecido como mecanicismo. Até os animais e os seres humanos são encarados como máquinas; as máquinas são ?animais artificiais? e o Estado, um ?homem artificial?. Sendo todas essas coisas sistemas mecânicos, a diferença reside no grau de complexidade e de essas coisas são ?naturais? ou produzidas conscientemente pelo homem, ?artificiais?, embora seja difícil imaginas como algo pode agir conscientemente dentro do pensamento hobbesiano. Para Hobbes, o ser humano não é naturalmente sociável. Impelido por um desejo insaciável por prazer, reputação e autoconservação, o homem possui uma tendência ao comportamento agressivo para com os seus semelhantes. Lança então a mirabolante hipótese do ?estado de natureza?, uma guerra permanente de todos contra todos, onde não existe segurança para a propriedade e para a vida. O estado da natureza não é uma pré-história, como se pensa, mas sim um estado de guerra civil latente, que surge todas as vezes em que não existe um poder que imponha a paz. A vontade de ter uma vida pacífica e confortável leva os seres humanos a se unirem, ou melhor, a instituir, via um contrato, um homem ou uma assembléia que possua a força necessária para impor a paz, a união, a segurança e o respeito pela vida e pelas propriedades, e, enfim, a garantia de cumprimento dos contratos. A sociedade, segundo Hobbes, é totalmente artificial e baseada na existência de um soberano e seus súditos, e só pode ser criada por instituição ou por conquista. O soberano, seja ele um príncipe ou uma assembléia, mantém a paz através do terror, pois o medo seria a única forma de fazer os homens obedecerem as leis. A perda dessa liberdade se faz em função dessa segurança que permita a todos trabalhar e comerciar sem temer por suas vidas e suas riquezas. O soberano também deve ter poder sobre as opiniões dos súditos, inclusive sobre a interpretação da bíblia. Não deve haver qualquer limitação para a soberania, e os atos dos soberanos não permitem contestação legítima, nem divisão. O soberano só presta contas a Deus. Esta filosofia política está fortemente ligada aos acontecimentos da Revolução Inglesa, e um leitor com uma certa cultura histórica e com sagacidade vai perceber o impacto destes acontecimentos na argumentação do livro. O pensamento político de Hobbes possui, então, uma grande contradição: os súditos possuem limites, o governo não. Não se preocupou ele com o fato de que o soberano, sem restrições de contra-poderes de qualquer tipo, causasse desordem na sociedade ao invés de pacificá-la? Esse foi o argumento de Spinoza, de John Locke, dos iluministas e de Rousseau contra o Leviatã. Apesar de compartilharem das suas idéia sobre a natureza humana, contratualismo e jusnaturalismo, eles perceberam essa contradição fundamental. Outra contradição, um pouco mais difícil de notar, é a ênfase excessiva na paz e na ordem. Maquiavel, pensador do século anterior a Hobbes, mostra claramente que a ordem social é criada pelo conflito e mais, se transforma pela luta. Por último, e contrapondo Hobbes a Maquiavel mais uma vez, o Leviatã é uma argumentação dedutiva que só é materialista porque se declarou como tal, enquanto O Príncipe e os Escritos Políticos são baseados na experiência e claramente indutivos.
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