|
|
Página Principal : Economia
Sobre a renda da terra - Parte II
Publicidade
É comum ouvir que as vantagens que a terra possui sobre qualquer outra fonte de produção, é devido ao excedente proporcionado sob forma de renda. No entanto, quando a terra é muito abundante, produtiva, fértil, não produz renda alguma. Somente quando suas forças diminuem e se obtém menor retorno com o trabalho, uma parcela da produção original das faixas mais férteis é destinada ao pagamento da renda. Errado dizer que essa qualidade da terra encarada como imperfeição, comparada a outros agentes naturais que auxiliam os fabricantes, seja dada como vantagem particular. Se o produto excedente proporcionado pela terra sob a forma de renda fosse uma vantagem, desejável, seria qua a cada ano a maquinaria recentemente fabricada fosse menos eficiente que a antiga. Isso daria maior valor de troca à produção, não só com este equipamento, mas com todos os outros existentes no país: uma renda seria paga a todos aqueles que possuíssem maquinaria mais produtiva. O aumento da renda da terra decorre sempre do aumento da riqueza de um país e da dificuldade de produzir alimentos para uma população crescente. A renda cresce mais depressa quando as terras disponíveis empobrecem em capacidade produtiva. A riqueza aumenta rapidamente nos países onde a terra disponível é mais fértil, importações sofrem menos restrições, e onde graças ao aperfeiçoamento da agricultura a produção pode multiplicar-se sem qualquer aumento na quantidade proporcional de trabalho - então o progresso de renda é lento. A renda não poderia ser componente do preço de um produto, pois se assim fosse, o preço elevado seria o efeito, não a causa da renda, e afetaria esses mesmos preços se as rendas fossem altas ou baixas. A maior quantidade de trabalho, empregada na produção dum produto, é que vai regular seu preço. A população se regula pelos fundos destinados ao seu emprego, e, portanto cresce ou diminui de acordo com o aumento ou diminuição de capital. Toda redução de capital é seguida por uma menor demanda de produto, por uma queda de preços e por uma redução de produção. Inversamente à acumulação de capital que eleva a renda, diminuindo a acumulação, baixa a renda da terra, que serão abandonadas e o valor de troca da produção cairá cultivando-se em último lugar a terra de qualidade superior, aquela pela qual não se pagará renda. Tais efeitos podem ocorrer entretanto, quando aumentam a riqueza e a população de um país, desde que sejam acompanhadas, na agricultura, de aperfeiçoamentos tão marcantes que tenham o poder de reduzir a necessidade de cultivo das terras mais pobres ou de empregar o mesmo montante de capital no cultivo das faixas menos férteis. A redução nos preços relativos dos produtos agrícolas, como conseqüência de melhoramentos na agricultura, ou como resultado de menor utilização de trabalho na sua produção, conduziria naturalmente um aumento na acumulação e os lucros de capital cresceriam consideravelmente. Essa acumulação levaria a uma maior demanda de trabalho, salários elevados, aumento demográfico, maior procura de produtos básicos e um aumento no cultivo. Assim sendo, somente após o aumento da população a renda voltaria ser tão grande quanto antes. Os melhoramentos na agricultura são de dois tipos: os que aumentam a capacidade produtiva da terra; e os que permitem, pelo aperfeiçoamento da maquinaria, obter o produto com menos trabalho. Ambos levam a uma diminuição no preço dos produtos agrícolas e, ambos afetam a renda, mas não a afetam da mesma maneira. Se não ocasionassem uma redução nos preços dos produtos agrícolas, não haveria melhoramentos, pois sua característica essencial é diminuir a quantidade de trabalho exigida para produzir uma mercadoria e, esta diminuição não pode ocorrer sem uma queda no seu preço ou valor relativo. As melhorias que aumentam a capacidade produtiva da terra são as que permitem obter a mesma produção numa extensão menor de terra. Os aperfeiçoamentos na agricultura permitem obter seu produto com menos trabalho, e estão mais relacionados com a formação do capital aplicado à terra do que com o cultivo propriamente dito. São aperfeiçoamentos: implementos agrícolas (arados e debulhadoras), economia no uso de animais empregados na lavoura, melhor conhecimento da arte veterinária. Menos capital = menos trabalho empregado na terra, para obter o mesmo produto, não se podendo cultivar menor extensão de terra. Para saber se os aperfeiçoamentos afetam a renda em um produto, examina-se se a diferença entre a produção obtida pelo emprego de diferentes porções de capital é aumentada, mantida constante ou diminuída. Se, os aperfeiçoamentos fossem tais, que permitissem realizar toda a economia na porção do capital empregada com menor produtividade, a renda diminuiria imediatamente num produto, pois a diferença entre capital mais produtivo e capital menos produtivo seria reduzida, sendo essa diferença que constitui a renda. Qualquer fato que diminua a desigualdade entre os produtos obtidos com sucessivas porções de capital empregadas na mesma terra ou em novas terras tende reduzir a renda. Qualquer fato que aumente a desigualdade, tende elevar a renda. A renda do proprietário da terra, é considerada como uma proporção do produto obtido com determinado capital numa propriedade agrícola determinada, sem nenhuma referência a seu valor de troca. Mas, uma vez que a mesma causa - a dificuldade de produção - eleva o valor de troca do produto agrícola, aumentando a proporção desse produto paga ao proprietário da terra, como sendo sua renda, este último é duplamente beneficiado, pela dificuldade de produção, pois obtém uma parcela maior e a mercadoria com que ele é pago, tem maior valor.
Veja mais em: Economia
Artigos Relacionados
- Questão Comentada - Imposto De Renda
- A Modernização Da Agropecuária No Mundo & No Brasil
- Citações De A População De Malthus
- A "lei" Malthusiana Da População
- Valor De Uso E Valor De Troca
- O Sistema Just In Time E Kanban.
- Elasticidade
|
|
|
| |