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Políticas públicas e alcoolismo
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Recentemente andei folheando sobre o tema alcoolismo e, descobri que agora se usa alcoolista ou portador de SDA - Síndrome da Dependência Alcóolica e quem está em recuperação se encontra em processo de SAA ? Síndrome de Abstinência de Álcool.
Percebi com maior clareza a tênue a linha que separa o alcoolismo do consumo ?social?. Mas, entre as leituras o que fiquei extremamente preocupada com o sistema de saúde, pois quando do atendimento pouco se faz para diagnosticar o alcoolismo, enquanto doença, pelo simples fato de não fazer o tal do CAGE, que é um questionário simples para detectar o diagnóstico e comparar com os sintomas apresentados.
Principalmente com as mulheres, pois a maioria das alcoolistas procura os serviços de saúde para curar os sintomas e não revela o real problema, por toda carga repressiva sobre a mulher e vergonha, porque apesar de serem nas estatísticas um número pequeno, os estudos relevam a tendência do aumento da SDA nas mulheres e cada vez mais jovens.
O diferencial da mulher alcoolista do homem, que grande parte consome em âmbito privado e escondido e, os efeitos do álcool sobre a mulher são mais devastadores ao organismo físico e estado psíquico, com o tempo e quantidade de consumo menores para se tornar uma dependente se comparado aos homens, sendo também a abstinência mais difícil pela capacidade em reduzir o consumo, que se por um lado é positivo, de outro impede que ela deixe de uma vez o consumo de álccol.. Atualmente, os jovens estão consumindo álcool com maior precocidade, a maioria experimenta em média com 12 anos de idade, sendo um grave problema público de saúde, já que o alcoolismo é uma doença social, pois atinge diretamente as famílias e as conseqüências se alastram na sociedade com a violência doméstica e pública, acidentes de carro, acidentes de trabalho e geram grandes investimentos públicos.
De acordo com o DATASUS no período entre 2001 e novembro de 2003 foi registrado o maior percentual de gastos públicos decorrentes do uso indevido de álcool de 84,5% contra 14,6% de gastos oriundos no consumo de outras substâncias psicoativas, sendo registrado 84.467 internações para o tratamento de problemas relacionados ao uso do álcool, mais de quatro vezes o número de internações ocorridas por uso de outras drogas.
Somente em 2001 o custo anual para o SUS referente a internações foi acima de 60 milhões de reais. Em 2006 de um total de 51.787 internações hospitalares em 367 hospitais, o álcool foi responsável por 39.186 internações Vale salientar que não estão incluídas as internações em que o álcool foi mencionado dentro da categoria de uso de múltiplas drogas; ou seja, o número de internacões em que o álcool tem participação é ainda maior. O importante é perceber que o alcoolismo é uma doença grave, que precisa ser diagnosticada e tratada não apenas o dependente, mas toda a família para compreender o problema para que possa apoiar com qualidade.
Muitos dizem que basta ter vontade de parar de beber. Mas, para ter vontade é preciso reconstruir o significado de vida do portador ou portadora da SDA e não é um processo fácil, quando estes se encontram em baixa estima, despersonalizados ou mesmo alienados ao problema e não conseguem sozinhos encontrar um sentido na vida, que seja mais relevante do que o consumo de álcool, por causa da doença.
Por isso é fundamental investir com políticas públicas à prevenção e promoção da saúde; na qualificação dos agentes e profissionais em saúde para detectar o alcoolismo nos usuários para tratar a causa e não somente os sintomas; investir com maior ênfase os programas de terapia e apoio como os grupos de AAs ? Alcoólicos Anônimos e grupos de recuperação das igrejas pentecostais, luteranas e católica, espírita, já que são as organizações sociais que mais atuam nesta área. Portanto, antes de criticar homens e mulheres com SDA, procure saber mais sobre o problema e, se não for ajudar diretamente, pelo menos não reproduza as falas discriminatórias como de serem vagabundos, sem-vergonhas, preguiçosos, fracos ou "pessoas sem Deus no coração".
A única diferença entre os alcoolistas e eu, assim como, de todos que bebem ?socialmente? é que não adquirimos a SDA, mas não estamos ilesos, pois o alcoolismo não tem preferência, se encontra em todas as classes sociais e em quaisquer níveis de escolarização, basta criar o hábito.
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