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Região cacaueira


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Estamos
longe de imaginar o real tamanho da dívida do Brasil e da Bahia, em
particular, com a região cacaueira. Sendo o cacau uma cultura
implantada por pioneiros através de anos de obstinação e luta sem nunca
contar com apoio do estado brasileiro para sua consolidação. ....No
momento em que esta presença se faz através da criação da CEPLAC ou do
próprio ICB - em momentos históricos diferentes - isto ocorre sob o
patrocínio dos próprios produtores.O fato gritante que salta aos
olhos de qualquer brasileiro honesto, quer seja oriundo da região
cacaueira ou não, é que nenhum produto agrícola na história gerou mais
serviços para o Brasil que o velho e conhecido cacau. A Bahia teve no
cacau, durante mais de trinta anos, o equivalente a mais de 60% da
receita tributária do estado.Tal cenário deveria esperar um sentimento de solidariedade e comoção com o atual estado falimentar da região cacaueira....A dívidaNuma
área de influência que abrange 96 municípios e 250.000 desempregados na
região, gerando a explosão da "urbanização forçada" (exemplo do Bairro
Baianão de Porto Seguro e o Bairro Teotônio Vilela de Ilhéus),
assistimos a uma enorme migração de homens do campo para a cidade sem a
devida qualificação para a vida urbana, resultando numa óbvia perda de
condições humanas destas populações, ao tempo em que tudo isto provoca
naturalmente o aumento de demandas para as administrações locais e
diversas conseqüências advindas destes movimentos populacionais
desorganizados tais como: aumento da informalidade no emprego, da
violência, da prostituição, etc.Por trás deste cenário, uma região
paralisada por uma dívida de estimada em dois bilhões de Reais, que
retirou do produtor a capacidade de reagir economicamente aos desafios
a serem enfrentados.Que fazer?.Na economia moderna e globalizada seria correto acreditar no perdão da dívida do cacau?.Pois
bem, vai aqui a opinião de alguém que não é da região, nem tão pouco
produtor da área e que durante anos ouviu por onde andava comentários
sobre os " excessos" dos agricultores.Inicialmente se ocorreram
"excessos", estes existiram a partir de uma visão equivocada de
acumulação excessiva de bens, sem a preocupação com a diversificação de
investimentos e a conseqüente preparação do homem do campo para
alternativas, inclusive agrícolas. Mais ainda, esses excessos jamais se
deram em cima do patrocínio oficial (leia-se dinheiro público) visto
que como observamos anteriormente, esta região foi constituída
praticamente pelo esforço dos seus pioneiros.Segundo: boa parte da
dívida do cacau foi constituída por sucessivos equívocos na condução da
política de erradicação da vassoura de bruxa e que acabou de minar a
resistência dos produtores.Terceiro: para socorrer uma instituição
bancária nacional o governo federal investiu mais que o dobro da dívida
do cacau alegando riscos de quebra da estabilidade do setor financeiro.Por
isto acreditamos que o perdão negociado é o único e legítimo caminho de
saída para a região cacaueira. Um perdão que venha casado com um plano
de investimento para a região, que acima de tudo, analise a
substituição em boa parte da região do cacau de outras alternativas
agrícolas, claro, aproveitando a inclinação secular da região para a
atividade agrícola e também por acreditarmos neste setor como o grande
desaguadouro para enfrentarmos a questão epidêmica da região (um milhão
gera 15 empregos na indústria da informática, 78 na indústria
convencional e 287 na agricultura) que é o desemprego.O dendê, como
um produto que esta neste momento como um dos grandes produtos no
mercado internacional, atingindo um patamar acima dos U$ 30 bilhões
anuais, devendo inclusive ultrapassar a soja nos próximos anos e a
fruticultura, com destaque para o mamão (maior produto agrícola da
pauta baiana de exportação no momento), deveriam ser certamente
considerados.Enfim, existem muitos órgãos governamentais com muito
mais informações que nós. Para decidir este problema, o que falta mesmo
é uma decisão política.O silêncio dos inocentesQuando
se aproximam as eleições para as Casas Legislativas, Estadual e
Federal, diversos grupos políticos regionais começam a utilizar o já
batido argumento de eleger os "Deputados da Terra". Este é um argumento
mais que atrasado politicamente e reacionário. No caso da região
cacaueira, anos e anos vão se passando e este argumento se perpetuando.A
pergunta que não pode faltar é de que tem adiantado os Deputados da
Terra para as soluções definitivas dos problemas do cacau? No
nosso entendimento o mero argumento de que "Deputado da Terra" não
passa de um formato visando a perpetuação de grupos locais que acabam
elegendo políticos que se perdem no atendimento às questões das
prefeituras locais, transformando-se em despachantes de luxo e que pela
própria natureza da luta local e pelos interesses políticos do seus
chefes estaduais ou federais subordinam-se as outras questões de
convivência político-partidária, ou até econômicas e terminam por não
representar a região como um todo sem compreender que a solução macro
da região implicará no retorno da região cacaueira a uma posição de
destaque da mesma no cenário nacional como conseqüência dos benefícios
em todas as instâncias. Não é à toa que a última grande manifestação em
torno da crise do cacau se deu através de um deputado que não é da
região, Gedel Vieira Lima. Isto não pode deixar de ser levado em contas
nesta próxima eleição.


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