|
|
Página Principal : Economia
Pós-Globalização, Administração e Racionalidade Econômica
Publicidade
O livro de Aktouf, de subtítulo ?A Síndrome do Avestruz? faz uma crítica ao capitalismo e ao liberalismo contemporâneos, inventariando suas conseqüências à sociedade e ao meio ambiente, questionando seus fundamentos e relacionando as considerações feitas às idéias de diversos autores. O autor analisa a crise mundial do sistema capitalista com foco na demanda, a qual ? de uma forma geral ? não tem mais meios de consumir os produtos ofertados pelo mercado em virtude da má distribuição das riquezas. Nesse sentido, é correto afirmar que os lucros foram diminuindo paulatinamente no desenvolvimento do capitalismo. Segundo ele, para poderem continuar lucrando em meio à queda tendencial das taxas de lucro, as grandes potências do capitalismo buscam artifícios aquém do aumento de produção: realizam demissões em massa, diminuem a qualidade dos produtos e aumentam a exploração da força de trabalho dos seus colaboradores e dos recursos naturais. Como o trabalhador se rebela progressivamente em decorrência do tratamento desumano a que são submetidos no sistema capitalista, somada à melhor distribuição dos recursos resultantes da produção e a outros fatores, Aktouf sugere como solução a integração do mesmo no processo de gestão da produção pela sua conscientização sobre o que envolve o exercício de sua função, considerando os objetivos da empresa. Com relação ao efeito do desenvolvimento capitalista no ambiente se pode considerar a demasiada concentração de esforços para debater questões como o aquecimento global, decorrente da emissão de gases na atmosfera, de queimadas, do desmatamento, etc. Essa situação exemplifica e contextualiza a discussão sobre a não sustentabilidade da maneira como a expansão capitalista está se dando. Não obstante as diversas críticas feitas a esse sistema, o autor relativiza seu conceito, afirmando que a forma de capitalismo do Japão, da Alemanha e dos países escandinavos no que concerne à preservação da natureza e à qualidade de vida dos trabalhadores, busca um equilíbrio entre a utilização e a preservação dos fatores de produção. Segundo ele, em tais países tal feito é alcançado com a participação do Estado, dos cientistas ecológicos, e dos representantes da sociedade civil de uma forma geral no processo de tomada de decisão. A maior crítica do autor refere-se ao modelo americano neoliberal de administração no contexto capitalista. A relevância disso está intimamente ligada à prática da crematística (acumulação irracional de capital) com embasamento na premissa de que os recursos são infinitos. Ele diz que para justificar os excessos causados por tal prática, os adeptos dessa linha de pensamento se valem do uso de argumentos que não passam de subterfúgios absurdos: inculpam os governos (por intervirem na economia), as classes pobres (por se reproduzirem desenfreadamente) e os trabalhadores (por serem medíocres e insuficientemente capacitados). Não pode existir dúvida em relação a este fato: quem mais poder de atuação tem perante a sociedade, seja pela perspectiva material ou pela moral (que se refere a valores), mais responsabilidade tem sobre os acontecimentos. Semelhante raciocínio denota a importância da atuação dos grandes detentores de capital e de quem possui poder de influência sobre as massas. É evidente da mesma forma o fato de cada qual ter sua parcela de responsabilidade sobre a sustentabilidade do planeta, na devida proporção. Os indivíduos, devendo planejar o nascimento de seus filhos, contribuir para a manutenção da limpeza nas cidades e encarar com mais seriedade as oportunidades de evoluir como pessoas, por mais que sejam limitadas; os governantes auxiliando a sociedade com o controle e os incentivos adequados ao desenvolvimento desejado e os empresários com a consciência social e ambiental necessárias à referida sustentabilidade. A energia provieniente da natureza pode ser considerada infinita se tiver a possibilidade de ser renovada constantemente. No caso do homem, sua energia não mais pode ser renovada apenas quando seu sistema vital se desintegra. O mesmo raciocínio pode ser considerado com relação ao ambiente global: para se falar em infinitude de recursos é necessário falar de sustentabilidade através da renovação. Ora se os movimentos forem dados sem a devida prudência com relação ao tempo de renovação dos recursos naturais, o sistema ambiental tende à degradação. Para ser possível continuar expandindo o capital de maneira sustentável é preciso fazer investimentos pensando no longo prazo: aumentando a capacidade de produzir através da qualificação das pessoas em nível global, do avanço de biotecnologias e da preservação das áreas de estratégia ambiental. A despeito das idéias do autor, é inegável que o processo de evolução do capitalismo proporcionou para a sociedade em geral um aumento considerável do potencial de bem estar. A busca pelo lucro incentivou diversas iniciativas que resultaram em avanços tecnológicos em todas as áreas da sociedade. Especialmente na área de comunicação é que se nota o maior avanço, com a globalização da informação, em sintonia com o aumento da permuta de bens e serviços entre as nações. Contudo, é preciso deixar claro que o autor não se posiciona a favor de uma ou outra forma de aplicação do capitalismo, bem como de qualquer outro modo de produção: trata-se de uma análise dos fatores negativos do processo de expansão do capitalismo neoliberal.
Veja mais em: Economia
Artigos Relacionados
- O Imperialismo Capitalista E A Revolução
- Marx - Cooperação - Teses Sobre Feuerbach
- Globalização
- Sustentabilidade Social
- Capitalismo Monopolista
- A Substituição Do Petróleo Por Etanol
- Capitalismo
|
|
|
| |