PUBLICIDADE

Página Principal : Antropologia


A NECESSIDADE DE UM PENSAMENTO COMPLEXO (EDGAR MORIN)


Publicidade



            É difícil explicar a complexidade, pois toda e qualquer idéia ou informação possui um sentido em relação a determinada situação e um contexto. Como por exemplo, uma pessoa dizer: ?Você fez um bom trabalho hoje?, ela pode estar mesmo fazendo um elogio a outra pessoa ou então está dizendo isso, mas por dentro está com inveja, o que já seria uma mentira.


Para compreendermos uma situação, não basta apenas utilizar uma palavra, uma informação, mas é necessário ligá-la a um contexto e usar o nosso conhecimento para encaixá-la apropriada e corretamente.


Pascal dizia que só podemos conhecer as partes se conhecermos o todo em que se situam, e só podemos conhecer o todo se conhecermos as partes que o compõem, o que torna o conhecimento um desafio. Hoje, devido a mundialização, todos os problemas de uma civilização deixaram de ser particulares e tornaram-se mundiais, como o problema de energia, água, ecologia, saúde, etc..


É necessário hoje que as civilizações tornem-se mundializadas, globalizadas, partir de um problema particular para um mundial e do mundial para o global com o intuito de que, segundo Pascal: ?Não posso conhecer o todo se não conhecer particularmente as partes, e não posso conhecer as partes se não conhecer o todo?.


Devemos partir do princípio de ligar as coisas que nos parecem separadas, dando sentido às mesmas, articulando umas às outras. Um exemplo é o ensino que opta por disciplinas fechadas, que não dão continuidade umas às outras. Conhecemos o homem em parcelas e não como um todo como deveria ser. Se quisermos estudar a essência do homem partimos para a Psicologia, mas se quisermos compreender o seu mecanismo, estudaremos Medicina ou Biologia.


Presenciamos uma realidade econômica, psicológica, mitológica, sociológica, porém estudamos e compreendemos estas realidades separadamente e não uma articulando a outra. Isto pode fazer com que entendamos mais uma parte do que outra, ou entendamos uma parte e fiquemos completamente ignorantes da outra.


Durante muito tempo a ciência ocidental foi reducionista (conhecimento do todo através de suas partes) e este conceito ignorava um fenômeno importante que pode ser chamado de sistêmico, um conjunto organizado de partes diferentes com qualidades que não existiriam se fossem estudadas separadamente. Isto é chamado por Morin de ?emergências?. O homem não pode ser estudado separadamente, apenas pelos elementos que o constituem.


A sociedade é constituída de interações entre os indivíduos e estas interações formam um conjunto. As sociedades são constituídas de línguas e culturas que transmitem aos sujeitos estas ?emergências sociais?, as quais permitem o seu desenvolvimento.


O ser humano é autônomo, mas esta autonomia depende do meio exterior, ou seja, se necessitamos nos alimentar é porque o nosso organismo está em constante trabalho, necessita de energia para continuar trabalhando e para isso precisa de alimentos. Para ser autônomo dependemos do meio exterior e para adquirirmos um espírito autônomo dependemos da cultura em que estamos inseridos.


O homem era pensado pela ciência primeiramente do ponto de vista determinista e a autonomia dependia de um ponto de vista metafísico, o qual era necessário estudar excluindo qualquer laço material. Por um lado era uma ciência com dependência e por outro uma filosofia com autonomia, mas isso se dava separadamente. O pensamento complexo deve ligar a autonomia e a dependência.


A vida é um sistema de reprodução que produz nós indivíduos. Somos produtos da reprodução de nossos pais. Para que este processo permaneça devemos continuar nos reproduzindo e gerando filhos. Somos produtos e produtores da vida. Da mesma maneira somos produtores da sociedade porque sem humanos ela não existiria e ao mesmo tempo somos produtos desta sociedade que traduz leis, normas, regras que seguimos para continuar fazendo parte dela.


Não somos somente uma pequena parte de um todo, mas este todo está no interior de nós, temos as leis, normas, regras arraigadas em nosso interior. Muitas vezes julgamos a nossa sociedade ou uma sociedade que não seja a nossa pelo nosso ponto de vista, ou seja, o que nós temos em nosso interior e isto não pode ser feito, pois a nossa cultura não é a mesma de outras pessoas, outras sociedades.



Todos os seres humanos têm a mesma organização genética e têm as mesmas atitudes cerebrais fundamentais por serem afetivos, capazes de sorrir, rir e chorar. Ao mesmo tempo sabemos que algumas culturas inibem o choro e outras o permitem, que o sorriso tem significado diferente entre as diversas culturas. Através da linguagem, foram criadas uma diversidade de culturas.


O homem, como todos os outros está submetido à morte e ele é o único ser vivo que acredita em uma vida após a morte, que pratica ritos fúnebres, que possui uma mitologia a respeito. A realidade humana por um lado é biológica e por outro mitológica.


O fato de acreditarmos em Deus ou Deuses, um lado de crenças, mostra que o homem dá vida às suas idéias e estas idéias justificam o nosso comportamento. Tais aspectos são nossos produtores e esta idéias imaginárias e mitológicas são aspecto fundamental da realidade em que vivemos.


O pensamento complexo faz com que nos deparemos com uma série de problemas fundamentais humanos, que dependem de nossa capacidade de compreender os nossos próprios problemas, para assim poder globalizá-los e entender os problemas universais.




Veja mais em: Antropologia

Artigos Relacionados


- Júlio Dinis
- Resumo: Modelo De Dedicatória
- Páginas Para Pensar
- Catopê (folclore Brasileiro 5)
- João Guimarães Rosa (1908-1967)
- Padre Antônio Vieira (1608-1697)
- Resumo Sobre O Vídeo O Poder Da Visão


 
Sobre o site: Quem Somos |  Contato |  Ajuda
Sites Parceiros: Curiosidades |  Livros Grátis |  Resumo |  Frases e Citações |  Ciências Biológicas |  Jogos Online