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A CULTURA
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2. A CULTURA ?Compreender a cultura de um povo expõe a sua normalidade sem reduzir sua particularidade? . O conceito de cultura não é uma idéia recente. E tão pouco temos um consenso geral do que significa cultura. Para facilitar nossa abordagem, interessamos aqui pelo conceito de cultura no sentido antropológico. Qual é o sentido que a Antropologia atribui ao conceito de cultura? Mesmo no sentido antropológico temos várias tentativas de ?conceitualizar? o que significa a idéia de cultura. Ao longo dos últimos três séculos vários autores apresentaram seu terreno teórico de interpretação do que entendiam por cultura. Apesar da palavra cultura não ser recente, seu estudo começou a ganhar mais importância no momento em que a Antropologia surgiu como área de conhecimento, a partir do século XVIII. Mas, o debate antropológico ganhou fôlego mesmo, somente a partir do século XIX com uma sistematização do conhecimento. A partir disso, suscita novas pesquisas, com a preocupação dos antropólogos em estabelecer leis gerais para a interpretação e descrição dos fenômenos da cultura. Num primeiro momento, o conceito de cultura remetia a idéia civilização a qual, partia-se de estágios de evolução. Vemos essa idéia expressa, especialmente, no pensamento de Edward Tylor, um dos primeiros autores a formular o conceito ?cultura?. Ao tentar argumentar sobre a idéia de uma ?ciência da cultura?, Tylor inicia por descrever que: "Cultura ou Civilização, tomada em seu amplo sentido etnográfico, é aquele todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da sociedade. A situação da cultura entre as várias sociedades da humanidade, na medida em que possa ser investigada segundo princípios gerais, é um tema adequado para o estudo de leis do pensamento e da ação humana. De um lado, a uniformidade que tão amplamente permeia a civilização pode ser atribuída, em grande medida, à ação uniforme de causas uniformes; de outro, seus vários graus podem ser vistos como estágios de desenvolvimento ou evolução, cada um resultando da história prévia e pronto para desempenhar seu papel na modelagem da história do futuro". A partir de meados do século XIX para o século XX, essa idéia do conceito de cultura sustentada pelo pressuposto evolucionista foi posta em cheque. Foi refutada especialmente pelo antropólogo Franz Boas. Boas propõe o método histórico além de pluralizar a idéia de cultura ao partir da idéia de um ?relativismo cultural?. Com a interpretação que faz Boas, cultura, portanto, deixa de ser uma única cultura para se tornar um modo de vida. Outro pensador marcante de quem mais compartilhamos o conceito de cultura é Clifford Geertz. Esse pensador dá uma nova dinâmica ao conceito de cultura ao partir da idéia de uma definição semiótica. Geertz acredita que ?o homem é um animal amarrado em teias de significados que ele mesmo teceu?. Para Geertz, ?a cultura é pública, porque o significado o é?. E a antropologia, segundo ele, deve ser vista não como ciência experimental em busca de leis, como queriam os primeiros antropólogos, mas como ciência interpretativa em busca dos significados. Segundo Geertz, a cultura é a própria condição de existência dos seres humanos, produto das ações por um processo contínuo, através do qual, os indivíduos dão sentido à suas ações. Ela ocorre na mediação das relações dos indivíduos entre si, na produção de sentidos e significados. Ao tratar do conceito de cultura sob o aspecto semiótico, acreditamos que Geertz contribui para entendermos as questões estruturais da sociedade nas diversas épocas e realidades contextuais e, sobretudo, das diferenças e transformações que vem ocorrendo na pós-modernidade. Claro que podemos atribuir o mérito aos autores anteriormente mencionados (Tylor e Boas) ao lançarem alguns conceitos para interpretação da cultura. Mas, talvez, Geertz seja o autor de referência para entendermos os processos de transformações que se passam com as identidades na atualidade. Pois, este, ?amplia? o conceito de cultura ao longo do século XX, ao considerar cultura também como um processo dinâmico e de relações simbólicas que os homens tecem o tempo todo.
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