|
|
Página Principal : Antropologia
Magia, Ciência e Religião
Publicidade
Malinowsky considera que não existem povos sem religião ou magia, pois todas as sociedades primitivas, até ao seu tempo estudadas, possuíam vestígios das mesmas. As sociedades primitivas praticavam regularmente «actos e práticas tradicionais», possuidores de um conjunto especifico de regras, e que estavam associados a crenças em forças sobrenaturais, normalmente estas forças provinham de espíritos e fantasmas dos antepassados. Para Edward Tylor o animismo era a «essência da religião primitiva», mas Malinowsky critica-o dizendo que a sua perspectiva se baseava em factos limitados e que tornavam o homem primitivo muito racional, esta critica é apoiada nas concepções de Frazer. Frazer mostra-nos no seu livro The Golden Bough que o animismo não é, como Tylor afirmava, uma crença única e dominante da cultura primitiva. Acontece que o homem primitivo tenta, através de rituais e da arte da magia, controlar o mundo natural que o envolve. E só quando se apercebe das limitações dos poderes mágicos, e para não perder a esperança é que o homem primitivo abraça a religião, ou seja, a adoração de deuses. O totemismo é um sistema religioso que vai assentar na identidade/parentesco entre um determinado grupo e uma espécie animal, vegetal ou um aspecto da natureza. Ao ser escolhido vai-lhe ser dado o nome de totem, o totem é o que vai permitir unir um grupo de pessoas. A escolha do totem vai implicar um conjunto de regras e tabus que vão ter que ser respeitados pelo grupo, como por exemplo, a proibição da ingestão do totem e a execução de cerimonias e rituais. A magia é construída através de tradições, o seu conhecimento é transmitido de pai para filho ou então a pessoas a quem o feiticeiro reconheça capacidades para a detenção de tal poder. A reputação de um feiticeiro e a sua eficácia na magia, tem parte que ver com os feitos e as histórias de conquistas por ele atingidas. A essas histórias damos o nome de mitos, o mito segundo Malinowsky é uma afirmação histórica de acontecimentos passados que provam a veracidade de um dado feito mágico «o mito é a consequência natural da fé humana, porque cada poder deve dar indícios da sua eficácia, deve actuar e saber-se que actua, se se pretende que as pessoas acreditem na sua virtude». Assim, o mito tem por função conferir veracidade e não a função de explicar. Mas mais à frente dedicaremos mais a este tema. A magia para os nativos é indispensável para a sua prosperidade e continuidade, mas a magia não garante todo o sucesso, os nativos têm consciência de que o trabalho também é um elemento chave. Esta questão de um nativo ter consciência de que os objectivos não se atingem somente através da magia é extrapolada para várias outras situações, e como Malinowsky diz nenhuma delas é tão importante como «as duas mais fatídicas forças do destino humano: saúde e morte». Desde o começo da vida de um nativo este encontra-se rodeado por crenças e ritos, durante a gravidez a mãe tem que respeitar tabus e submeter-se a rituais e cerimónias, outro exemplo são os rituais de iniciação Existe uma distinção que deve ser feita relativamente a ritos e a cerimónias, «um rito é executado como meio para atingir um fim (?) uma festa para comemoração (?), não tem qualquer objectivo: não é um meio para atingir um fim, é o próprio fim» As principais preocupações de uma comunidade nativa é assegurar o seu alimento e a sua continuidade, por isso é que os alimentos são sagrados e são dados como oferendas e, têm um papel tão importante nas cerimónias quão importantes são as suas regras de etiqueta, proibições, etc. O grande medo do Homem é a morte, o homem primitivo também a receia e tenta negá-la, através da imortalidade e da encarnação. Os ritos fúnebres têm por finalidade manter uma esperança viva, quando face a uma situação de morte toda a comunidade sente o medo de poder morrer. Por isso, é que a crença em espíritos e em vida depois da morte acontece a nível global, no homem primitivo esta crença reconforta-o mas é desafiada sempre que alguém morre. A religião surge como uma ferramenta de união e solidariedade da comunidade, na medida em que restaura e trabalha a sua moral. Desta forma a religião necessita da comunidade, pois sem esta não existe, e a comunidade necessita da religião para ter ordem e moral, assim, de forma a que a religião perdure em conjunto com a moral e a confiança da comunidade, é necessário que os rituais tenham um carácter público, para que se dê um contagio de fé que influencia todo o comportamento colectivo, este carácter público é assim forma de educar a comunidade a ter fé. A grande distinção que Malinowsky faz sobre a religião e a magia é a «magia como uma arte pratica constituída por actos que são apenas meios para um fim objectivo que se espera vir a desenrolar posteriormente; religião como um conjunto de actos independentes que constituem por si próprios a realização da sua finalidade».
Veja mais em: Antropologia
Artigos Relacionados
- Professores Criticam Ministério Da Educação
- Telepatia E Magia
- A ética E A Educação
- Pequeno Vocabulário Espírita
- Epistemologia
- Epistemologia
- O Conceito Mitológico De Morte E Morrer Entre Os Urhobo Da NigÉria
|
|
|
| |