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As Formas de Encobrimento e de Falseamento A notícia sofre um tratamento antes de chegar ao receptor; é o principal modo de se operar a chamada manipulação jornalística. Esta forma de intervenção altera sensivelmente o caráter e, principalmente, o efeito destas notícias. Então se pode dizer que o falseamento ou encobrimento da notícia ocorre de forma não-intencional, normalmente ele faz parte da própria forma do jornalista estruturar seu mundo, de discernir os fatos (inconscientemente) com uma ?visão dominante?. O patrão, o orientador ideológico da empresa jornalística, não estabelece ?regras de redação? para que as notícias que entram como fatos puros saiam como informações enviesadas. Mas existe um padrão, uma forma de definir o padrão do jornal; para padronizar é preciso moldar ideologicamente. Por tanto é possível caracterizar três formas de manipulação noticiosa, são elas: a visão fragmentada e personalizada dos processos sociais, o uso da técnica e da lingüística e a sonegação das informações ?indesejáveis?. O Jogo do Texto Noticioso A fragmentação da realidade em partes estanques repercute no caráter da veiculação noticiosa do jornalismo. Essa fragmentação (que é a forma geral de disposição do mundo na perspectiva burguesa) produz igualmente mentalidades fragmentadas, diluídas, difusas. Para a mentalidade fragmentada, a fragmentação noticiosa cai como uma luva. Como agravante, temos a rapidez de distribuir a informação que só contribui com a sobrecarga mental, o entorpecimento emocional, e a ilusão de se estar bem informado, o que faz com que a notícia ganhe a forma de consumo, como se fosse um produto para merchandising. A produção fragmentada de notícias e sua desvinculação com o fundo social tornam-se dados soltos sem vinculação com nada. Assim, o resumo da história e sua redução a fragmentos desconexos é a técnica manipulativa que se opera no jornal, que mantém os leitores e o público em geral incapazes de raciocinar, separados da visão conjunta dos processos sociais. A Personificação dos Processos Sociais O processo de personificação se caracteriza como culto à personalidade. Dessa maneira os políticos são construídos, coisa semelhante acontece com o populismo nos estados capitalistas latino-americanos. Outro lado da moeda da personificação positiva dos fatos sociais como produto de políticos, administradores, economistas, etc., é a perseguição personalizada a bodes expiatórios; muitas vezes o próprio estado propicia esta perseguição, devido a interesses escusos, provocando reação oposta na sociedade civil. Pode-se dizer que quando há falência do discurso político, o terrorismo ocorre e cai a representatividade. A manipulação completa da opinião pública se dá pelas mais diferentes formas, inclusive o ?bloqueio noticioso?. Por tanto, a personificação da notícia conduz tanto ao endeusamento quanto à defasagem individualizada dos agentes sociais, a política torna-se um cenário propício a intrigas pessoais, e sujeito a humores desse ou daquele político que age soberanamente na política. A personificação e fragmentação são técnicas que banalizam os fatos ao invés de informar, desinformam as pessoas. Assim as notícias ganham caráter de pura mercadoria, como mais um produto a ser consumido. Outros Processos Fica claro que a fragmentação e a personificação dos fatos são formas de distorcer a realidade, desconfigurando sua real manifestação nos fatos sociais, transformados em notícias. No caso da política, este recurso é utilizado no intuito de enfatizar os pontos positivos e negativos deste ou daquele candidato. Outra manifestação é a saturação, usada para animar ondas de opinião, provocando histerias públicas. Esses processos são desencadeados pelo próprio governo e por diversos canais paralelos ou pelos meios de comunicação ?de massa?, formando um bombardeio noticioso. Uso da Linguagem Técnica O uso da linguagem técnica ou termos desconhecidos da maior parte dos leitores e principalmente dos telespectadores - assim como o uso de tabelas e gráficos - serve para encobrir a mensagem e tem ação facilmente manipuladora. A ?técnica? redacional é aquela que opera na redação do jornal, para enquadrá-la em padrões e normas da empresa. Ou seja, de certa forma a notícia é manipulada e codificada para atingir determinados interesses escusos. O encobrimento e o falseamento noticioso, ainda segundo Rossi, atravessam vários filtros. O primeiro processo é do editor, que decide sobre o enfoque da notícia (como fragmentação, personalização e outros). Assim como a conveniência em não se tratar de determinados assuntos (a pauta). Política de Destaque e da Supressão de Informações As formas anteriores de distorção servem para subverter o real, adaptando esses interesses, e arranjá-lo segundo várias conveniências. O jornalista extrai da realidade só o que lhe interessa, mas é o editor quem decide o enfoque da matéria, o tamanho que esta deve ter em linhas, o tamanho e os tipos de títulos e a colocação na página. Resumindo, na mão do editor está o poder de decidir a que público interessa determinada matéria e que transformações sociais serão modificadas através da notícia. A função política do jornal na sociedade não é a de noticiar, mas sim de divulgar fatos que só interessam às classes dominantes da sociedade; de certa forma cria-se uma realidade utópica que otimiza os fatos na visão de seus idealizadores, no caso o produtor.
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