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Artigo - Érika Sallum


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S U P E R S T I Ç Ã OAs origens ? e as motivações ? que estão por trás de algumas das mais antigas crenças do ser humano. Superstições são tão antigas quanto a humanidade. Existem desde a época em que os primeiros grupos humanos louvavam a natureza com seus rituais pagãos. Antes do cristianismo se tornar religião oficial do Império Romano, por exemplo, no século IV, magia e superstição eram costumes bastantes populares. Os homens daquela época viviam mais próximos dos seus deuses, e fazer pequenos feitiços era tão normal quanto plantar ou colher. Até que as religiões monoteístas deflagaram uma guerra ao paganismo e à feitiçaria, condenando qualquer um que não concordasse com suas regras de comportamento.Superstição virou sinônimo de ignorância, coisa de povos ?menos desenvolvidos?.?É complicado definir o que é exatamente superstição. Porque a crença do outro é semprea supersticiosa, nunca a nossa?, diz Ricardo Mário Gonçalves, professor aposentado de história das religiões da USP(Universidade de São Paulo- Brasil). ?Superstição envolve avaliações extremamentes subjetivas.Apesar de ser possível apontar características supersticiosas dentro de praticamente todasas religiões, os pesquisdores consideram um equívoco confundir as duas coisas. ?Religiãonão é magia.Enquanto uma prática supersticiosa, como uma simpatia ou um talismã, serve para melhorar nossa existênca aqui e agora na Terra, a religião trata da vida espiri-tual. A superstição traz um benefício imediato, enquanto a religião busca a paz divina, envolvendo normas éticas e códigos de conduta?, diz Pierucci (Prof. Departamento de Socioloia da USP e autor do livro A Magia).Ninguém precisa acreditar 100% numa simpatia para executá-la nem ser um legítimo esotérico para ter um cristal em cima da mesa. Basta acreditar um pouquinho que já vale.Como diz o ditado espanhol, Yo no creo em las brujas, pero que elas hay, las hay (?Nãoacredito nas bruxas, mas que elas existem, existem?).?As superstições sobrevivem por causa de nossa eterna busca pela segurança, algo inerente à natureza humana. Para nossa decepção, nem tudo é explicável, e a ciência sabe muito bem disso. Procuramos encontrar tudo certinho num mundo nada certo e, quando isso não acontece, lançamos mão do sobrenatural, sem grandes culpas?, diz o professor Gonçalves. Trata-se de algo saudável, que nos ajuda a encarrar os desafios, a diminuir nossa ansiedade e a ter fé em que tudo, no final, vai dar certo.?As crenças não são apenas coisas dentro da cabeça das pessoas. Elas realmente afetam seu comportamento?, escreveu Gustav Jahoda no livro A Psicologia da Superstição, em que explica como elas atuam na dinâmica da personalidade do ser humano.Estranhas crenças: - Na Tailândia, quase todas as lojas são enfeitadas com um pênis de madeira, símbolo de fertilidade e riqueza. Os falos podem ser encontrados também em templos, alguns medidndo mais de 2 metros. - Para arranjar namorado no Japão, as moças devem escrever o nome do pretendente no braço esquerdo e depois cobrí-lo com um pedaço de esparadrapo por 3 dias. Dizem que após uma semana o sujeito cai de amores pela garota. - Na tradição chinesa, o número 8 dá sorte. Tanto que a cerimônia de abertura das Olimpíadas de Pequm está marcada para 8h08 da noite do dia 08 de agosto de 2008. - Não se deve varrer ou limpar o chão depois do pôr-do-sol no Paquistão. Caso contrário, corre-se o risco de atrair azar para toda a vida.Entre tantas outras espalhadas pelo mundo como surgiram- Quebrar Espelho dá 7 anos de Azar: os gregos tinham o costume de ler o futuro a partir da imagem de uma pessoa refletida sobre uma tijela com água. Se o pote quebrasse, era azar na certa. Os romanos herdaram o hábito, acrescentando que a má sorte se estenderia por 7 anos. Quando os (caros) espelhos de vidro surgiram, no século 16 em Veneza, atual Itália, a superstição ganhou novas dimensões: os nobres avisavam a seus serviçais que, se quebrassem um, estariam fadados a viver 7 anos de mau agouro.- O azar donúmero 13: sua provável origem está nos mitos nórdicos, como o de Loki, espírito maligno que apareceu sem ser chamado em um banquete celestial onde havia 12 convidados. A mã fama do número ganhou força com o relato bíblco da Última Ceia, em que 13 pessoas se reuniram à mesa na véspera da crucificação de Jesus.- A figa da sorte: na Grécia antiga e em Roma, o amuleto era comum, principalmente para mulheres, por ser considerado símbolo da fertilidade. O polegar entre os dedos representaria o órgão masculino penetrando no feminino. Com o tempo, a figa também passou a ser usada contra o mau-olhado. O mundo evoluiu, a ciência hoje consegue provar muitos fenômenos que no passado assustavam o homem, a tecnologia está cada vez mais desenvolvida, mas ainda há aqueles que acreditam em trevo de 4 folhas, exatamente como acontecida no Egito antigo, onde a rara planta associada à deusa Ísis era utilizada em rituais de amor, para dar sorte. Apesar de tantos avanços não conseguimos explicar muitos dos mistérios da vida ?felizmente, porque dessa maneira conservamos crenças milinares que enriquecem a história e a cultura das civilizações.


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