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O Fenómeno Televisivo (Parte 1)


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< span>4- A INFORMAÇÃO TELEVISIVA. POLÍTICA, ACTUALIDADE E ?FAIT-DIVERS? COMO LEGITIMAÇÃO


A  noção de acontecimento está ligada à especulação, já que é actualmente difícil definir as fronteiras entre aquilo que é acontecimento, uma realidade que emerge em condições determinadas, e o discurso que produz ou enuncia o acontecimento, muitas vezes ele próprio elevado à categoria de acontecimento.
O sistema mediático processa-se numa constante ambivalência entre a sobreinformação e a subinformação, expondo o necessário para esconder o essencial. Como diz A. DUARTE RODRIGUES (?Do Dispositivo Televisivo?, Revista de Comunicação e Linguagens): ? O acontecimento jornalístico é um acontecimento de natureza especial, distinguindo-se do número indeterminado dos acontecimentos possíveis em função de um classificação ou de uma ordem ditada pela lei das probabilidades, sendo inversamente proporcional à probabilidade de ocorrência.?
?Os media, e particularmente a televisão, são hoje, portanto, o lugar por excelência onde as sociedades pós-industriais produzem o real e, nessa medida, tomam de certa maneira o lugar de legitimação do acontecimento (?)?. A realidade confunde-se com o discurso que a enuncia.
O discurso dos media reflecte em si mesmo as estratégias de comunicação, políticas, os dispositivos de dominação e tecnodiscursivos, produto da sociedade do seu tempo, colocando-se ao historiador identificar as condições de produção dessa informação. Como tal , a História deve ocupar-se com o acervo documental mediático e com as formações e regularidades discursivas que emergem num determinado contexto histórico-cultural. Importa, pois, tratar o discurso na sua irrupção de acontecimento, separando-o daquilo que não é dito: ?O discurso manifesto não é, ao fim e ao cabo, senão a presença repressiva daquilo que ele não diz (?)? ? M. FOUCAULT, Arqueologia do Saber.

As mudanças tecnológicas e simbólicas, modificando o sistema de comunicação, transformaram quer o sistema sociocultural como também o modo de dominação e o campo político e social. A prática de FOUCAULT, tratando o documento/discurso como uma prática sujeita a regras estritas, possibilita-nos atingir o saber constituinte e histórico que tornou possíveis certas práticas discursivas.
 
O discurso televisivo, latente na produção da informação, apresenta-se como autolegitimador. A informação, segundo os valores dominantes que lhe estão associados, deve ser independente de grupos e poderes, imparcial e rigorosa. Porém, na sua estrutura ficcionalizada e mitificadora, é uma retórica política, hierarquizada e serial que emerge do seu discurso, é sobretudo um discurso de manutenção de consensos e status quo.
?A televisão oferece-nos aquilo que os práticos chamam a ?informação objectiva?, mas o que é, na verdade, é uma interpretação de acontecimentos muito seleccionada, que estrutura a realidade por nós, que produz e formula um mundo que habitaremos e que admitiremos como real, que determina o programa no seio do qual ? salvo por um esforço positivo de reflexão ? somos levados a examinar as modalidades da nossa existência? RICHARD HOGGART, ?Introduction?, Bad News, pag. 132.
A informação televisiva está umbilicalmente dependente do poder político (principalmente do sector público), pelo que se verifica uma preponderância massiva da informação política sobre todos os outros universos. Assumindo este princípio, deveremos considerar na análise da informação: < strong>1) a procedência e a selecção da informação; 2) o alinhamento e o formato do discurso informativo; 3) as condições de enunciação e a sua manifestação significante.

(ver Parte 2 no link disponibilizado em baixo em 'Links Importantes')


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