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O Paradigma do «Agenda Setting» (Parte 2)


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(Continua de Parte I mencionada em baixo em 'Links importantes')
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2.2- As notícias como construção e o agenda-setting
«Enquanto a notícia cria a notícia, a notícia cria o acontecimento» (1988). As notícias são construções, ?estórias?, narrativas.
Na cultura profissional dos jornalistas, o ?saber de reconhecimento? é a capacidade de reconhecer quais são os acontecimentos que possuem valor como notícia. O ?saber de procedimento? são os conhecimentos que orientam os passos a seguir na recolha de dados para elaborar a notícia. O ?saber de narração? constitui a capacidade de compilar todas essas informações e ?empacotá-las? numa narrativa interessante.
A construção da notícia envolve também a utilização de ? enquadramentos?, isto é, uma organização da vida quotidiana para se compreender e responder às situações sociais.
Segundo Gamson e Modigliani (1989), os enquadramentos são transmitidos através de cinco dispositivos de enquadramento: as metáforas, os exemplos históricos, as citações curtas, as descrições, e as imagens. A Guerra do Golfo ilustra-nos a utilização do ?exemplo histórico? por parte da administração norte-americana, através da comparação entre Saddam Hussein e Adolf Hitler.
Segundo Molotch e Lester, a concorrência entre news promotors envolve: 1) a definição das ocorrências e/ou questões que merecem ser constituídas em notícias; 2) a definição  das ocorrências e/ou questões, isto é, o seu enquadramento.
Assim, a luta política tem como palco central uma luta simbólica em torno da construção dos acontecimentos e das questões. No exemplo aqui apresentado, a visita do ministro gera dois enquadramentos diferentes em torno duma variante da mesma história.
Concluem McCombs e Shaw: «O clássico somatório de Bernard Cohen (1963) do agenda-setting os media podem não nos dizer o que pensar, mas são incrivelmente bem sucedidos em dizer-nos em que pensar - foi virado do avesso. Novas investigações, explorando as consequências do agenda-setting e do enquadramento dos media, sugerem que os media não só nos dizem em que pensar, mas também como pensar nisso, e consequentemente, o que pensar».
2.3- A Evolução do Paradigma do Agenda-Setting
Segundo a hipótese teórica avançada por McCombs e Shaw, existe uma relação causal entre a agenda jornalística e a agenda pública. A pesquisa posterior, em geral, aponta para uma associação positiva entre as duas agendas - exs. Funkhouser (1973-91), MacKuen (1981), e MacKuen e Coombs (1982).
Segundo o estudo de Iyengar, Peters e Kinder (1982-91), «os telespectadores expostos às notícias dedicadas a um problema em particular ficam mais convencidos da sua importância. Os programas  das redes noticiosas parecem possuir uma poderosa capacidade de moldar a agenda pública».
Behr e Iyengar (1985) encontraram a «evidência clara de que o noticiário televisivo estabelece a agenda pública», e só no que diz respeito ao desemprego é que os autores acharam que a agenda pública era «comandada inteiramente pelas condições económicas. Outra conclusão importante é a de que a agenda jornalística ficou imune às mudanças da agenda pública.
Segundo McLeod, Becker e Byrnes (1974), a agenda jornalística tem maior efeito sobre pessoas que participaram em conversas sobre questões levantadas pelos meios de comunicação social do que sobre pessoas que não participam nesse tipo de conversas interpessoais.
As pessoas com ?necessidade de uma orientação?, entendida como um alto interesse e um alto nível de incerteza, expõem-se mais aos media noticiosos, provocando maiores efeitos de agenda-setting. Assim, Weaver, McCombs e Spellman (1975) sublinham que o impacto da função do agenda-setting não é igual para todas as pessoas e depende da ?necessidade de orientação?.
Outra conclusão da pesquisa do agenda-setting diz-nos que o efeito da agenda jornalística também varia segundo a natureza do assunto, distinguindo-se as questões obstrusive (assuntos para os quais as pessoas podem mobilizar a sua experiência directa) e as questões unobstrusive (assuntos distantes das pessoas em relação aos quais não têm experiência directa). Segundo Zucker (1978), a influência dos media exerce-se sobretudo no domínio das questões unobstrusive.
Weaver, Graber, McCombs e Eyal (1981) salientam também o importante papel de agenda-setting que o campo jornalístico tem, não só em relação às questões a figurar na agenda pública, mas também quanto à agenda dos atributos ou qualidades da imagem dos candidatos políticos.
Sintetizando, tanto a selecção das ocorrências e/ou das questões que constituirão a agenda, como a selecção dos enquadramentos para interpretar essas ocorrências e/ou questões são poderes importantes que o paradigma do agenda-setting agora identifica depois de mais de vinte anos de vida intelectual.
«A selecção dos tópicos para a agenda jornalística e a selecção de enquadramentos para as ?estórias? acerca desses tópicos são poderosos papéis de agenda-setting e responsabilidades éticas terríveis» (McCombs, 1992).


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