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Uma paisagem atravessada pela desregulamentação (Parte 2)


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(Continua de Parte I mencionada em baixo em 'Links importantes')
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A dimensão económica

A proliferação de estações de rádio viria a dar lugar à formação de redes nacionais, quer por razões publicitárias - propunha-se ao anunciante uma cobertura nacional para as campanhas - quer por razões económicas - tornava-se necessário desenvolver as economias de escala de modo a que se investir na qualidade dos programas e na gestão das estações. Algumas dessas redes viriam a integrar grupos de media já existentes.

Há vinte atrás, o sector da rádio na UE era largamente dominado por estações de serviço público. Vinte anos depois, as rádios privadas, vivendo sobretudo das receitas publicitárias, são dominantes.
Em 1991, verificamos que os belgas dedicavam 240 m. à escuta da rádio; os portugueses 180, os espanhóis 86.
 
As diferentes escolhas estratégias
As televisões ?livres? surgiram antes das rádios ?livres? devido ao aperfeiçoamento do material técnico de emissão, à implantação do cabo e o lançamento de satélites geostacionários.
Em matéria de cabo, os países do Norte da Europa e os do Sul efectuaram escolhas diametralmente opostas: na Bélgica, 87,1% dos lares estavam equipados com receptores ligados à teledistribuição, enquanto em Portugal e Espanha as redes de cabo quase não existem.
A desregulamentação efectuou-se de modo anárquico no Sul (Itália, Grécia, Espanha). No Norte, a desmonopolização efectuou-se segundo regras previamente estipuladas pelas autoridades competentes.
Perante uma tal abundância, os operadores foram levados a procurar uma especificidade de modo a alcançar resultados de audiência e de receitas de publicidade. Hoje, ao lado das antigas estações generalistas culturais ou regionais, encontram-se estações centradas no desporto, cinema, música, informação ou documentário, etc.
 
Da sedução aos dissabores
lançamento de satélites geostacionários possibilitou a criação de cadeias transnacionais capazes de cobrir uma grande parte ou mesmo todos os países europeus.
No entanto, vários problemas se colocam: a língua, os diferentes ritmos de vida, as concepções de divertimento ou de humor, a publicidade, etc. A procura de sinais, referências e imagens comuns às diversas culturas é um processo contraditório e caótico.
Muitas vezes, devido ao desastroso balanço financeiro de alguns medias transnacionais, são obrigados a fundirem-se com outros media.
A televisão exerce uma sedução real nos homens de negócios, mas exerce-o ainda mais sobre o simples espectador: em 1991, os portugueses dedicavam-lhe 3h:4m; os espanhóis 3h:04; os Holandeses 2:00h.
 
Uma profunda mudança de natureza
processo de desregulamentação trouxe aos cidadãos europeus uma diversidade de conteúdos e um potencial de escolhas antes ignorados. Este processo conduziu a uma concentração que alcançou enormes proporções.
Grupos outrora monomedia tornaram-se enormes grupos multimedia, sem que as autoridades públicas tenham sempre procurado evitar situações de monopólio nesta ou naquela região.
Face às dimensões do capital envolvido, os níveis de endividamento foram também, nalguns casos, enormes, facto que não deixa de preocupar os meios industriais e financeiros que investem no sector.
Estes meios industriais explicam o interesse pelos media será dentro de pouco tempo um sector promissor, devido à relação entre comunicação e consumo e ao facto de os media permitirem aos meios industriais e financeiros orientar os debates sócio-económicos e fazer sentir o seu peso nas decisões políticas.
Em quase toda a UE, desapareceu a noção de serviço público perante a lógica de mercado, a legiti9mação cultural dos media deu lugar a uma legitimação económica.
 
Os riscos de uma deslocação
Face ao desenvolvimento da televisão sem fronteiras, e ao desenvolvimento dos grupos media transnacionais, os pequenos países perdem a sua identidade social e cultural, a sua alma, diluindo-se nas paisagens mediáticas que dominam a área linguística a que pertencem.
A diversificação cultural dos media provoca inevitavelmente uma fragmentação social e cultural da audiência.
Face à pluralização dos media, os grandes media, aqueles que são susceptíveis de exercer uma influência sobre o grande público, estão nas mãos de grupos económica, sociológica e ideologicamente dominantes.
Os media, outrora submetidos aos poderes políticos ou partidários, destacaram-se deles para entrar na órbita das lógicas industriais dos operadores e das lógicas comerciais dos anunciantes.




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