Segundo Tânia Márcia César Hoff, atualmente, observa-se uma tendência de modificações corporais, desde intervenções sutis até cirurgias plásticas irreversíveis. Para a autora, os anúncios publicitários apresentam exemplos de corpos modelos, e independente da necessidade indicam/apontam possíveis problemas e necessidades de correção do corpo natural. Todas as partes do corpo são passíveis de modificação. As facilidades de pagamento das cirurgias plásticas denunciam o diálogo entre os discursos médicos e econômicos. ?O avanço da medicina e o desenvolvimento tecnológico possibilitam modificar o corpo, alterando-lhe características hereditárias, esculpindo-lhe as formas ao sabor da imaginação e da vontade? . A transformação do corpo afeta a subjetividade. Isso fica evidente na seguinte frase: ?De bem com você, de bem com o mundo? . O processo de construção de um discurso médico sobre o corpo inicia-se com a dissecação anatômica realizada como espetáculo teatral no século XVI . Segundo a autora, ?a construção da identidade não emerge mais da posição social? . Tornamo-nos responsáveis pelo desenho de nossos próprios corpos. A autora argumenta que, ?se o papel social deixou de ser referência para construção da identidade e de relações de poder, a aparência do corpo constitui o último reduto em que o indivíduo pode atuar? . A sociedade contemporânea fundamenta-se no espetáculo e exige uma performance de corpo diferente de antes. As interações e modificações anatômicas pelas cirurgias plásticas indicam tentativas de materialização de um ideal de corpo, muitas vezes tem-se formatado um ideal impossível de ser alcançado.  

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