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O que é o virtual?
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O senso comum leva-nos a conceber o virtual como algo que não é real. No entanto, fazendo-se uma análise mais aprofundada relativamente a estes dois termos, facilmente se chega à conclusão de que, como refere Lévy, esta é uma oposição ?fácil e enganosa<1>?. Para se entender o porquê desta afirmação, é necessário compreender-se o significado de ?virtual?: ?contrariamente ao possível, estático e já constituído, o virtual é como o complexo problemático, o nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução: a atualização<2>?. O virtual não é, portanto, algo falso ou imaginário: tem uma existência própria e produz efeitos. Os novos dispositivos informáticos permitem-nos criar e aceder a um mundo virtual, onde tudo é passível de ser concretizado. No entanto, este mundo não é um mundo completamente distinto e desconexado da realidade. Na verdade, muito do que leva alguém a ?mergulhar? no mundo virtual, é precisamente a busca pelo real, a sua simulação, pois, tal como afirma Rotzer, ?já não desejamos escapar do real através da ficção; pelo contrário, agora desejamos que a ficção evoque a realidade?<3>. Assim, a diferença mais sigificativa entre estes dois mundos é o facto de o virtual permitir um despreendimento do ?aqui? e do ?agora? : o hipertexto é considerado ?algo ?desterritorizalizado?, que, embora exija suportes físicos, não possuiria, de fato, ?um lugar??<4>, ?quando uma pessoa, uma coletividade, um ato, uma informação se virtualizam, eles se tornam ?não-presentes?, se desterritorializam?<5>. O mundo virtual utiliza o universo simbólico e material do mundo real: nele são projectados diferentes produtos da acção humana, como imagens, sons, ideias e até mesmo sentimentos. Por isso, pode-se afirmar que o mundo virtual é ?uma espécie de extensão da realidade material e simbólica colectiva ? tudo o que pode pertencer ao mundo real, pode pertencer ao mundo virtual?<6> e que tudo o que pertence ao mundo virtual pode pertencer ao mundo real. Segundo Lévy, existem dois processos inversos que reflectem esta dinâmica entre os dois mundos, a actualização (descoberta de uma solução exigida por um complexo problemático ? virtual ?, transformação de ideias) e a virtualização (ocorrência de um possível pré-definido, passando-se de uma dada solução a um outro problema). Assim, facilmente de pode concluir que o virtual não é oposto do real, existindo um fluxo multi-direccional entre estes dois mundos: se, por um lado, se procura o real no virtual, por outro, o virtual transforma e complementa o real, ?as fronteiras entre os dois mundos estão difundidas e interligadas?<7>.
<1> LÉVY, Pierre (1996). O Que é Virtual?. Rio: Editora 34. In Francisco José Paoliello Pimenta(2001). ?O Conceito de Virtualização de Pierre Lévy e sua Aplicação em Hipermídia?, artigo disponível online; <2> Idem, ibidem; <3> ROTZER, F. (1999). Mundos virtuais: fascínios e reacções. In Ana Sofia Marcelo, ?Internet e Novas Formas de Sociabilidade?, artigo disponível na Biblioteca Online de Ciências da Comunicação; <4> Francisco José Paoliello Pimenta(2001). ?O Conceito de Virtualização de Pierre Lévy e sua Aplicação em Hipermídia?, artigo disponível online; <5> LÉVY, Pierre (1996). O Que é Virtual?. Rio: Editora 34. Ibidem; <6> Adelina Maria Pereira da Silva, ?Mundos Reais, Mundos Virtuais - Os jovens nas salas de chat?, artigo disponível online na BOCC; <7> Idem, ibidem.
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