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eXistenZ (Cronemberg) & Realidade Virtual
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O enredo do filme eXistenZ, de David Cronemberg, é baseado na confusão entre o que é realidade e o que é realidade- virtual. As personagens entram e saem de um jogo de vídeo chamado eXistenZ, tão Real que se poderia designar de quase-orgânico . Este jogo não tem qualquer objectivo final, mas a sua dimensão quase-real é tão fascinante que atrai qualquer pessoa que o experimente. Os jogadores são conectados ao mundo virtual do jogo através de uma estranha consola que está ligada ao seu sistema nervoso por um ? bio-portal ? aberto no fundo das suas costas. Quando, por fim, parece que as personagens regressaram à realidade, a pergunta ? ainda estamos no jogo? ? deixa o espectador na dúvida sobre o que é a realidade e até que ponto esta não pode ser confundida com o virtual (ou vice-versa). A verdade é que o efeito do filme é precisamente esse: provocar a reflexão sobre se é possível uma verdadeira distinção entre o real e o virtual numa altura em que estes dois mundos estão completamente interligados. É óbvio que no filme se trata de uma época bem mais avançada, em que o conceito de ?máquinas-humanas? é uma realidade, no entanto, este é um debate bastante actual, já que a realidade virtual não é uma mera ficção. Basta o acesso à internet ou a um jogo de vídeo para se entrar num outro mundo. O mais interessante em tudo isto é que esta realidade virtual é atractiva por ser uma fuga à vida real, no entanto, quanto mais parecida com a realidade consegue ser, mais atractiva se torna. Na minha opinião, o que procuramos não é a virtualidade, mas alargar o nosso poder de escolha real através desta (mesmo que se trate de algo irreal). A realidade virtual é, por isso, um complemento, uma extensão da vida real, onde se procura compensar de uma forma real aquilo que não se pode ter realmente. Parece algo complexo mas, na verdade, é algo simples de compreender. Basta pensar na realidade virtual como a materialização da nossa imaginação e, consequentemente, mais próxima da vida real. Isto significa que a realidade virtual permite que a nossa imaginação tenha mais espaço e mais meios para se desenvolver. Embora pareça algo fascinante à primeira vista, como se pode ver em eXistenZ, esta atracção leva muitas vezes à dependência (sobretudo em crianças, adolescentes e pessoas com problemas de socialização) e a um afastamento da vida real. Pode mesmo levar a uma estranha forma de alienização, em que a vida real passa a ser encarada de uma forma virtual, perdendo a sua importância. Como é retratado no filme, existem vários ?níveis? de realidade virtual: quanto mais fundo se chega, mais difícil é voltar à superfície. Outro aspecto abordado por eXistenZ é o facto de se tornar claro que o escapar da vida real não faz com que os problemas desapareçam, pode mesmo torná-los mais graves (seja na realidade, seja na nossa percepção). Por isso mesmo, e em forma de conclusão, uma das ideias principais que podemos retirar de eXistenZ é que, por mais atractivas que sejam as novas tecnologias, é difícil prever onde estas nos levarão e que benefícios trarão consigo. Mais do que isso, estaremos nós aptos para nos apercebermos dos seus malefícios atempadamente?
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