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Lembranças de 1848 .parte 1
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Alexis de Tocqueville inicia as suas Lembranças de 1848: as Jornadas Revolucionárias em Paris com uma tese audaciosa: a de que a Revolução Francesa iniciada em 1789 não havia terminado, e que ainda se estenderá por muito tempo: ?Nossa história, de 1789 a 1830, vista de longe e em seu conjunto, manifestava-se a mim como o quadro de uma luta encarniçada, travada durante 41 anos, entre o Antigo Regime (...) e a França nova, conduzida pela classe média. Parecia-me que 1830 tinha fechado esse primeiro período de revoluções ? ou melhor, da nossa Revolução, porque há apenas uma. Em 1830, o triunfo da classe média foi definitivo e tão completo, que (...) o governo inteiro, encontraram-se encerrados e como amontoados nos limites estreitos da burguesia, com a exclusão (de direito) de tudo o que estava abaixo dela e (de fato) de tudo o que estivera acima.Assim, a burguesia não só se tornou a única dirigente da sociedade, mas também converteu-se em sua arrendatária.Alojou-se em todos os cargos, aumentou prodigiosamente o seu número e habituou-se a viver tanto do tesouro político quanto de sua própria indústria.?(TOCQUEVILLE, 1991:34). Em seguida, passa-se para uma análise da Monarquia de Julho. A burguesia conquistou, após quatro décadas de luta, o exclusivo controle do governo, e isto se mostra uma preocupação constante de Tocqueville, por aquilo que ele acredita serem as conseqüências negativas em geral do governo exclusivo de uma classe, e em particular, do governo da burguesia e sua mentalidade, ?espírito que, misturado com o do povo ou com o da aristocracia, pode fazer maravilhas, mas, sozinho, nunca produzirá mais que um governo sem virtude e sem grandeza?.(TOCQUEVILLE, 1991:35) O rei Luis Filipe é descrito como um representante típico dessa mentalidade burguesa não apenas como administrador, mas também em seus hábitos e gostos pessoais. Isso da uma mostra de como Tocqueville da uma importância extrema ao personalismo político. Curiosamente, o autor de A Democracia na América, juntamente a uma concepção personalista do processo político, demonstra um enorme desprezo pela teatralidade da política, ou melhor, pela demagogia, pela retórica, inclusive pelo estilo do príncipe dos franceses, que ?lembrava o jargão sentimental do início do século XVIII, reproduzida com uma abundancia singularmente fácil e incorreta?. (TOCQUEVILLE, 1991:38). Tocqueville analisa o regime da Monarquia de Julho como um conselho de burgueses chefiado por um príncipe burguês, e possui uma opinião essencialmente negativa do domínio da burguesia. A despolitização da política, ou melhor, a corrupção é criticada e entendida como uma conseqüência da solidão da burguesia no poder. Representando os políticos apenas os interesses e valores de uma classe, a luta política torna-se vazia, sem conteúdo, sem ?paixão verdadeira? e degenera em uma simples disputa e intrigas por interesses pessoais dos parlamentares em volta do rei. O resultado é a perda da virtude pública e o conseqüente enfraquecimento da ordem. Tocqueville diz que, paralelamente ao tédio da vida parlamentar, ?de cima?, ?na de baixo, ao contrário, a vida política começava e manifestar-se por sintomas febris e irregulares, que o observador atento podia captar com facilidade? (TOCQUEVILLE, 1991:40). As classes populares estavam adquirindo uma consciência política cada vez maior, e formulando suas próprias opiniões, projetos e práticas. Qual é o temor de Tocqueville?Ele teme a subversão da hierarquia social e a abolição da propriedade privada. A preocupação de Tocqueville diante desses acontecimentos é essencialmente conservadora: a corrupção do governo burguês e a agitação entre as classes populares ameaçavam a ordem. A ?campanha dos banquetes? foi liderada por parlamentares da oposição liberal ao ministério Guizot.Tocqueville, temendo que a agitação popular fosse longe demais, dizia aos que o convidavam para participar dosbanquete
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