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Balsas de BicMac sobre rios de coca-cola
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A história da filosofia ironiza e surpreende ao revelar que o melhor tratado sobre a democracia americana foi escrito pelo francês Alexis de Tocqueville (1805-1859). No seu livro ?Democracy in America?, Tocqueville se posiciona contra os que estão a favor da democracia e contra os que estão contra a democracia; significa dizer que Tocqueville estava um degrau acima de qualquer suspeita partidária. Estando acima de qualquer suspeita partidária o visionário Tocqueville com muita precisão profetizou: a guerra fria, e a guerra civil americana entre outras coisas. Na sua obra Tocqueville dá uma noção exata do povo americano, do seu caráter, da sua história, do seu estado social, da constituição americana, do individualismo americano, e faz um alerta para a tirania da maioria. Com relação a esta última posso dizer que de fato sempre existiu o discurso de uma fatia da elite política americana que acreditou que os Estados Unidos da América foram convocados a assumir a responsabilidade da condução do mundo, resolvendo os problemas políticos que surgem em cada país, em cada continente. Ao imiscuir-se nos problemas de terceiros, impondo soluções para os problemas encontrados, sempre ajudaram a criar novos problemas e quase sempre, no final, tem que arrumar um jeito para mandar os seus soldados de volta para casa. As estruturas mentais dos tempos modernos se recusam a aceitar imposições de qualquer tipo vindas, seja dos Estados Unidos, seja de qualquer outra nação. Os Estados Unidos, segundo Tocqueville, deram exemplo ao mundo por ter alcançado a democracia sem sofrer revoluções democráticas, por ter nascido iguais em vez de se tornarem iguais. Esperava-se que, por seus altos índices de igualitarismo e mobilidade social, os Estados Unidos se inclinaram pelo socialismo. Mas os Estados Unidos deixaram escapar a oportunidade social-democrata e mostraram ao mundo que são o país mais rico, mas o país mais desigual dos países ricos, seguidos pelos seus imitadores: Inglaterra, Austrália, etc. Na prática, a liberdade, o fundamento nato da democracia americana, tem sido usurpada pelos próprios americanos através dos tempos. Muitas observações escritas por Tocqueville, no século passado, são apropriadas para os Estados Unidos dos dias atuais, mas também poderiam servir para qualquer nação: ?São as pessoas moderadas nos seus desejos que se envolvem na política. Grandes talentos dão as costas para o poder para buscar a riqueza?. Infelizmente, foram as pessoas moderadas nos seus desejos, através dos tempos, que ditaram o rumo das nações ocidentais e as conduziram por trilhas árduas e errôneas. Como resultado haverá nas próximas décadas novos movimentos, novas ideologias, porque, do jeito que as coisas andam, acredita-se no fracasso econômico do capitalismo. Enquanto os novos movimentos não chegam acredita-se na sobrevivência do império americano, talvez não mais visto como imperador absoluto, porque a história da literatura se encarrega de esclarecer que os Estados Unidos sempre foram criticados, perseguidos, injuriados, porque ocupam a posição de grande potência. As críticas surgem da Ásia, da Europa, da América Latina, e até de dentro dos Estados Unidos. Os Estados Unidos não são aceitos pelos que não tem poder. Nessas condições o conceito de poder hegemônico fica comprometido. O sociólogo alemão Werner Sombart no seu livro: ?Por que não existe socialismo nos Estados Unidos? Em 1906, concluiu que as utopias socialistas fracassaram ?sobre balsas de bifes e tortas de maçã?. Atualmente poderíamos dizer que as utopias capitalistas estão fracassando sobre balsas de BicMac que correm sobre rios de Coca Cola.
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