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O mundo em português ? Um diálogo


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Recebi, recentemente, um presente inesperado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: o seu livro O mundo em português ? Um diálogo, escrito em parceria com o ex-presidente de Portugal Mário Soares, nos idos de 1998.

Num diálogo inteligente, experiente e perspicaz, os dois líderes perpassam por diversos e importantes temas, tais como: as bases do Real; reeleição e poder; partidos, fidelidade e voto; globalização e a nova ordem mundial; Mercosul e Alca; Brasil e União Européia; democracia na América Latina e novos caminhos para o Brasil, Portugal e o mundo. Um dos pontos que marcam o início dos debates foi o Plano Real, programa de estabilização econômica cuja primeira fase começou durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda e chegou à sua fase decisiva com a entrada em circulação da nova moeda, o real, em julho de 1994.
É mister destacar o trecho que fala do CEBRAP ? Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, que foi criado em 1969 por um grupo de acadêmicos da área de ciências humanas, aposentados da USP ? Universidade de São Paulo pelo Ato Institucional nº 5, entre eles, Fernando Henrique Cardoso. A interdisciplinaridade e a compreensão crítica da sociedade brasileira foram as marcas de sua produção intelectual. No tema da globalização, os líderes defendem que qualquer país isolado, por maior que seja, não tem condições de tirar proveito da reorganização da ordem econômica mundial. Através de blocos regionais tem-se maior capacidade de preservação dos interesses nacionais. Os grandes interesses econômicos têm uma maior facilidade de integração nesse novo sistema que os outros setores da sociedade. Fernando Henrique Cardoso afirma, a uma certa altura, que a matriz cultural, bem como a própria estrutura básica da organização da sociedade e do Estado brasileiros são portugueses e que na especificidade cultural brasileira, há uma parte que é também portuguesa: a plasticidade e a capacidade de absorção de fatores culturais exógenos. E chegam, posteriormente, à conclusão, que se está vivendo um novo momento da humanidade como sujeito concreto da história, especialmente visível neste século. Ou se aumenta o grau de racionalidade no uso da natureza e, portanto se forja um controle que seja compartilhado e discutido, ou a humanidade corre riscos. Deve-se voltar, de alguma maneira, à velha tradição otimista e racionalista do pensamento progressista.

Acredito que a maior lição que tenha ficado dessa leitura é a de que cada um de nós pode, e deve, em suas ações do dia-a-dia, fazer a diferença para a construção de um Brasil mais desenvolvido econômica e democraticamente, e socialmente responsável. E isso, um dia, pode transformar a história!


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