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Um modelo de ressocialização
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A essência do projeto consiste em reduzir a reincidência criminal, a partir da aplicação de um tratamento multidisciplinar ao homem que sai do cárcere, evitando o seu retorno.
Assim, a Fábrica Esperança atua no último estágio de cumprimento da pena- o livramento condicional, ou naquele período de readaptação social em que o egresso tem o direito de ser assistido pelo Estado.
O processo de trabalho entre a fábrica e o egresso é realizado dentro de três etapas, quais sejam:
1) Transformação do homem preso/egresso em homem livre: tal fase se desdobra em outras duas, a saber:
a) Tratamento pré-liberação: o tratamento pré-liberação deve ser processado dentro do estabelecimento prisional onde o interno se encontrar, pela própria equipe de técnicos do estabelecimento, em conjunto com os técnicos da Fábrica Esperança.
Isto vem a ser um trabalho multidisciplinar implementado com os internos que estejam com benefícios vincendos, em no máximo 6 (seis) meses, e pretendam aderir ao projeto, após ganharem a liberdade.
A equipe de técnicos do Estabelecimento Prisional onde o interno se encontra, terá por objetivo o desenvolvimento de um processo de minimização gradativa dos efeitos da prisionização e busca da conscientização de que uma nova realidade social está por vir ? a liberdade. E para isso, é preciso que os costumes do cárcere sejam deixados para trás e que o interno readquira os comportamentos do homem livre.
Durante esse trabalho terapêutico, o importante será frisar que a empregabilidade do egresso no mundo livre dependerá essencialmente da liberação completa de tudo de negativo que o cárcere lhe impregnou e que enquanto ele carregar isso consigo, será apenas uma forma de fortificar o rótulo de ?ex-presidiário?.
Reverter valores, linguagem, gírias, costumes e etc., não é tarefa fácil, razão porque seria recomendável que esses internos com benefícios vincendos pudessem ser separados dos demais e agrupados em separado, para facilitar esse trabalho chamado de Processo de Desintoxicação da Prisionização.
Durante esse período é fundamental a interação entre a equipe de técnicos da casa penal e da Fábrica Esperança, uma vez que esses darão continuidade a segunda sub-etapa dessa primeira fase.
Como objetivo essa sub-etapa busca a minimização dos efeitos da prisionização e conseqüentemente a reversão do processo de assimilação da cultura prisional, e para isso a entrevista pessoa e terapia de grupo são elementos bastante eficazes, bem como o emprego da família, que pode se dar de forma direta ou indireta, como impulsionador da mudança cultural.
b) Tratamento pós-liberação: essa etapa ocorre nas dependências da Fábrica Esperança, pelos próprios técnicos do projeto, mas ainda obtendo subsídios dos técnicos da Casa Penal onde o egresso se encontrava.
Nessa fase o que se busca é a total reversão do processo da prisionização, de forma a consolidar o pensar, agir e a reagir do egresso à realidade de ?estar livre?, pois mesmo com a liberdade, o egresso continua com os mesmos hábitos e dependências do universo da prisão.
Tal etapa possui como meta a consolidação da mudança da cultura prisional para a cultura de homem livre.
2) Transformação do homem livre em homem básico: essa fase consiste basicamente na indução do egresso para a indução na assimilação ou re-assimilação dos valores socialmente aceitos, retirando-lhe a repúdia latente à sociedade liberta, exaurindo-o de qualquer forma de projeção de culpa que ele possa ainda apresentar em relação ao seu delito, ou mesmo ao fato de ter sido preso.
É preciso fazer com que ele enxergue que o futuro é o que de agora em diante importa, não devendo se ater ao passado em busca de respostas ou culpados que talvez nunca apareçam, logo, fundamental se faz a mudança de paradigmas.
Para a obtenção da assimilação dos valores básicos de boa convivência humana, socialmente aceitos, tem papel fundamental a terapia grupal, palestras de agentes externos ao projeto, envolvimento da família no processo, e, sobretudo a aplicação sistemática e constante de instrumentos de cobrança de condutas, feitas por todos os membros do projeto, são os alicerces do sucesso dessa etapa.
3) Transformação do homem básico em homem profissional: Vem a ser a etapa final do processo que compreende a qualificação profissional em uma das modalidades laborais que a Fábrica dispuser, tornando-o apto a desempenhá-la com primazia e qualidade tal, que o tornem competitivo no mercado de trabalho.
Paralelamente a sua qualificação laboral específica, o projeto deve aplicar um conjunto de conhecimentos periféricos necessários à inserção concorrente no mercado de trabalho, tais como: computação, redação oficial, relação humana, ética profissional e liderança, entre outros.
Essa etapa não se esgota somente na formação técnico-profissional, mas também na empregabilidade do próprio egresso no projeto, durante o seu período de prova.
A empregabilidade que ocorre no projeto irá fazer com que ocorra o aperfeiçoamento contínuo do egresso naquela atividade, produzindo ao final do processo não somente um profissional com preparo teórico, mas já com experiência prática na atividade profissional que fora treinado.
Essa fase além de fundamental se caracteriza precipuamente pela busca da qualificação do egresso em condições plenas de concorrência no mercado de trabalho, fornecendo-lhe conhecimentos teóricos, práticos e experiência profissional através de sua empregabilidade temporária em uma das atividades produtivas desenvolvidas pelo projeto.
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