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Canto


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?As origens, a forma, a prática e o poder curativo do canto gregoriano

Tradução de Carlos Araújo
Editora Agir

Capítulo 3
Uma história do canto ocidental primitivo

As raízes judaícas e o Cristianismo primitivo

Os estudiosos conseguiram estabelecer um elo de ligação entre alguns dos mais antigos cantos ocidentais e as melodias judaicas primitivas. Como as fontes mais antigas indicam que a música era, às vezes, cantada alternadamente pelo solista e pela congregação, é mais do que provável, que o cantor da sinagoga, alguém com maior inclinação para a nova religião, fosse convidado a participar e dirigir o canto.
Para a comunidade cristã recém-formada, o horário preferido para o culto era o vespertino, o momento de quieto euqilíbrio, quando o dia se torna noite, quando as velas são acessas para iluminar a escuridão. A tradição judaíca, do começo do sábado e todos os dias à noite, continuava forte na memória dos primeiros cristãos. Era preferível organizar as runiões secretas noturnas do que correr o risco de serem descobertos em plena luz do dia.
Geralmente a música era decorada através da repetição. É possível que os 1º cantos constituíssem uma entonação mais aguda de falar, onde cada sílaba do texto era cantada com uma única nota, num tom confortável. As notas seriam solfejadas de forma equilibrada e pausada, talvez uma nota inicial e alguma mudança de tonalidade mais aguda ou mais grave no começo ou no fim de cada estrofe.
É bem sabido que, no séc. II, alguns dos patriarcas da Igreja achavam que os instrumentos distraíam a concentração e as melodias populares eram muito heréticas no seu conteúdo para serem admitidas na comunhão do culto. A partir do séc. III, e por cerca de 500 anos, somente a voz humana, sem acompanhamento, era considerada apropriada.
No séc. X encontramos órgãos de tubos nas catedrais e mosteiros e nos séc. XII e XIII foi usado largamente o órgão portátil, em que a mesma pessoa executa a música e maneja o fole. A parte o órgão, o único instrumento admitido era o címbalo, pendurado acima do organista e tocado com uma baqueta. Seu uso, como o do órgão, obedecia a estritos costumes litúrgicos.
Grande parte do canto primitivo era insterpretado em estilo direto, no qual o solista, ou um grupo de cantores, canta a música do começo ao fim. Como o objetivo era fazer com que as palavras e os sentimentos afetassem, não apenas a mente, mas o corpo e o coração, através de uma profunda penetração, as linhas eram repetidas com freqüêcia e havia modos diferentes de cantá-las. Às vezes o solista alternava com a congregação; às vezes a congregação se dividia para cantar versos alternados e se unia ao solista num refrão.
Atanásio, patriarca da Igreja de Alexandria no séc. IV, é citado como tendo dito que os salmos deveriam ser cantados em tom moderado, de modo a parecer que estavam sendo recitados em vez de cantados. Entretanto, começou a surgir nesta época um conjunto de cantos de considerável sofisticação.

O uso do latim

Inicialmente uma comunidade de gregos ou cristãos bilíngües, o número de convertidos que falava latim foi gradualmente aumentando. O latim, a língua que refletia os hábitos de linguagem dos primeiros convertidos a quem o evangelho era pregado, foi lentamente ganhando precedência com o decorrer do tempo.



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